A proximidade é, hoje, um conceito-chave na governação das cidades e da interacção com os cidadãos. A relação entre governantes e governados vai quebrando barreiras burocráticas e de formalismos, adoptando modelos de comunicação cada vez mais dinâmicos e proactivos. Afinal, o que se quer hoje é uma governação presente, eficiente, inclusiva, participativa e sustentável. Os novos tempos reforçam a necessidade de uma acção política e governativa de proximidade com lideranças políticas capazes de interpretar desejos e de ir encontro dos anseios e expectativas dos cidadãos. Também é verdade que a implementação das autarquias irá reforçar o papel e a importância do poder local como estrutura privilegiada para a auscultação pública, identificação dos problemas, de criação de dinâmicas de inclusão, desenvolvimento e participação dos cidadãos.

O reforço do poder local torna este tipo de acções numa prática corrente e natural em termos de governação, promove a liberdade de acção e de iniciativa, sendo que o que vimos esta semana ser feito por Manuel Homem passe, num futuro próximo, como algo enquadrado na actividade governativa quotidiana de administradores municipais e comunais. Governação, participação, inclusão e desenvolvimento local tornam-se elementos fundamentais na gestão das comunidades e do relacionamento com os cidadãos.
Hoje, os cidadãos sentem a necessidade de ser ouvidos, de participar, de partilhar os problemas, mas também precisam de ser preparados/educados para ouvir, para assumir responsabilidades e caminhar na busca de soluções. Esta dinâmica de participação dos cidadãos, de assumirem um relacionamento, um compromisso com os governantes e instituições, é uma estratégia que deve ser consolidada. Quebra-se o hiato entre os discursos e a prática, surgindo a governação participativa como elemento importante na afirmação da democracia e da cidadania.

Manuel Homem foi escolhido por João Lourenço para governador também com a espinhosa missão de recuperar a Luanda perdida nas eleições de Agosto do ano passado. João Lourenço tem o ónus político de ter perdido a principal e mais importante praça política para o seu adversário político, a UNITA, e tudo fará que o seu MPLA e o seu sucessor tenham condições para a recuperar nas eleições de 2027. Também sem esquecer que essa acção tem uma interessante estratégia política, é que o bairro Paraíso está situado no município de Cacuaco, que se tem revelado um dos bastiões da UNITA em Luanda. Manuel Homem é o seu cavalo de batalha para esse desafio e conta com todo o seu apoio e confiança pessoal e política.
Luanda é uma cidade que acolhe 1/3 da população do País (dados do Expansão referentes ao ano 2019 falavam em 8, 3 milhões de habitantes), com bairros que nascem da noite para o dia, com várias mobilidades e sociabilidades que enfrenta hoje vários desafios a nível da qualidade de vida dos cidadãos.

Os cidadãos querem habitação, melhorias no sistema de saúde e do saneamento básico, acesso à água e luz, emprego, segurança, educação, espaços de lazer e de recreação, entre outros serviços. Este foi também o "contrato social" que Manuel Homem fez durante estes cinco dias no bairro Paraíso. Rompeu estigmas e preconceitos que existiam em relação ao Paraíso, agregou valores e conhecimento recíproco na relação estabelecida e cumpriu um exercício de proximidade, dignidade e cidadania, em que os cidadãos foram ouvidos, tidos e achados e em que se sentiram cidadãos de facto, com direitos e deveres. Manuel é o homem que esteve no Paraíso, que veio, viu e convenceu. Afinal, o Paraíso não é o "inferno" que pintavam por aí. É apenas uma etapa e ainda há um longo caminho pela frente.