Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) 2017, apesar do coeficiente de Geni médio não ponderado para ASS ter diminuído em 3,4 pontos percentuais, na última década do século passado e a primeira do século XXI, a região continua a ser uma das mais desiguais no mundo. Isso é reflectido e parcialmente impulsionado pela variação dos níveis de tendências das desigualdades entre os países africanos.


Cinco factos atraem o foco na redistribuição, nomeadamente: efeitos nocivos que a desigualdade elevada e crescente tem para o crescimento de longo-prazo; difusão gradual da democracia na maior parte da região que gera esperança de mais bens públicos; mudanças no debate acerca do desenvolvimento internacional (mais atenção à desigualdade) e pela expansão de bases de dados sobre medidas de desigualdades.


Por conseguinte, o traço básico da desigualdade na ASS pode ser limitado em três grupos: 1) economia altamente dualista (emprego limitado a elite trabalhadora no governo, em multinacionais e no sector extractivo, enquanto a maioria recebe rendimentos muito mais baixo no sector informal ou de subsistência); 2) alta concentração de capital físico, capital humano e terras em certos grupos ou regiões; 3) capacidade distributiva limitada do Estado e as desigualdades étnicas e de género.


Entretanto, a desigualdade de tratamento entre as regiões, bem como as zonas urbanas e rurais, é uma das causas da tendência crescente da pobreza e desigualdade especial na ASS, pelo que veio agravar a polarização de rendimento que várias economias africanas haviam herdado com a independência.
Que alternativas nos apresentam? Não existe uma solução única. Evidências empíricas confirmam que a desigualdade, em geral, aumenta quando o crescimento ocorre em sectores caracterizados por uma elevada concentração de bens e capital e pela intensidade de mão-de-obra qualificada, tais como os sectores de mineração, financeiros, de seguro, imobiliário e público. Em contraste, a desigualdade cai ou permanece estável quando o crescimento ocorre nos sectores industrial, agrícola e de construção que fazem um uso intensivo da mão-de-obra (excepto onde a concentração de terra é muito alta).


Portanto, as lições de políticas e experiências africanas de sucesso - pela similidade antropológica, sociológica, cultural e da própria estrutura de produtiva - podem servir de "modelo ideal". A exemplo da Etiópia, com cenário de baixa produtividade agrícola, alto crescimento populacional e instituições de distribuição fracas optou por processo de industrialização, modernizou a agricultura e investiu em infra-estrutura; definiu o padrão da estrutura produtiva assente em actividades de mão-de-obra intensiva e com menos actividades intensivas em termos de qualificação; voltou atenção na investigação, sobretudo em temas sobre aceleração do declínio da taxa de fertilidade; reformulação de contratos agrícolas de aluguer e desenvolvimento de actividades rurais não agrícolas, incluindo, manufacturas.


Um estudo de 2017 do pesquisador Odusola realça o papel multidimensional da agricultura no processo de desenvolvimento. O documento indica que o aumento da produtividade no sector agrícola é um factor importante na redistribuição da mão-de-obra noutros sectores da economia.


Sendo as fontes de desigualdades na ASS heterogéneas e multidimensional, portanto, as políticas que ajudam a reduzir a pobreza não são necessariamente as mesmas que ajudam a reduzir a desigualdade de rendimento. Logo, políticas complementares são vitais para reduzir as desigualdades em todas as regiões.