E foi neste belo cenário que se disputou no último sábado a Supertaça em basquetebol feminino, entre dois gigantes do basquetebol angolano e africano, o Interclube e o Primeiro de Agosto, numa muito bem-sucedida missão desportiva organizada pela Federação Angolana de Basquetebol.

Destaco com imensa satisfação a forma esmerada como a Federação Angolana de Basquetebol organizou esta jornada desportiva no Namibe, dando uma dignidade e um tratamento de verdadeiras estrelas às delegações das duas equipas e aos seus convidados, integrantes das demais equipas que competem no escalão de seniores, uma vez que se aproveitou a ocasião da disputa da Supertaça para se realizar o sorteio da segunda edição da Liga Azule, o Campeonato Nacional.

Não obstante não exibirem o mesmo palmarés dos rapazes, o nosso basquetebol feminino tem, igualmente, um percurso ao longo dos anos com muitas referências positivas, iniciado, se quisermos, ainda no período colonial em que o Benfica do Lubango, com meninas nascidas e forjadas para a modalidade naquela cidade, lideradas pela célebre Regina Peyroteu, logrou conquistar uma medalha de bronze no ano de 1963 no campeonato europeu diante do Real Madrid, sequenciado já após a conquista da nossa Independência por sete medalhas em Afrobaskets seniores, duas das quais de ouro, para além dos nossos principais clubes serem os mais titulados do continente africano, com um acumulo de oito troféus, cinco para o Interclube e três para o Primeiro de Agosto.

A realidade actual do basquetebol feminino é absolutamente desafiante, apesar de alguns indicadores manifestamente positivos, como o aumento substancial do número de praticantes nos últimos anos, o quadro competitivo carece de uma melhoria verdadeiramente acentuada e isto requer, em minha opinião, a definição de um plano estratégico de implementação faseada, que possa resultar num cenário de médio e longo prazo.

Penso que um dos principais entraves já terá sido, pelo menos parcialmente, superado que era a exiguidade do número de praticantes. Uma competição nacional com cerca de dez equipas já me parece ser uma quantidade minimamente satisfatória.

Agora há que se olhar, sobretudo ao nível dos clubes para os outros aspectos que possam proporcionar uma melhoria sustentável e contínua da qualidade técnica das nossas atletas e, consequentemente, do nível e da qualidade do espectáculo desportivo oferecido aos espectadores.
Visão, estratégia e liderança é o receituário, conhecido por todos, ao qual teremos que recorrer para que possamos voltar a ser competitivos, num primeiro momento, com a melhoria da qualidade da nossa competição interna e, num segundo plano, para que voltemos a ser competitivos em África, onde nos últimos anos não temos sido muito bem-sucedidos.

A Federação Angolana de Basquetebol tem dado indicadores absolutamente positivos, investindo de forma séria e generosa na promoção do basquetebol feminino. Este é o caminho, um ponto de partida, mas não a meta final, pois ainda há um longo percurso por se fazer nas mais diversas vertentes, sobretudo no domínio das infraestruturas, do material desportivo, da capacitação técnica e valorização dos treinadores, estatísticos, fisioterapeutas, etc, uma tarefa hercúlea que deverá ser assumida, fundamentalmente, pelos clubes fazedores da modalidade neste género nos mais diversos escalões.

A minha espectativa é que a brisa fresca da praia das Miragens do Namibe, e o sorriso alegre da jovem taxista que encantaram as nossas basquetebolistas sejam um bom presságio para os próximos tempos, e que a energia positiva das crianças e jovens que preencheram com a sua energia o pavilhão Weliwítschia Mirabilis possam empurrar o nosso basquetebol feminino para anos sucessivos de glórias e conquistas.

*Presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga