Percebêssemos que aquisição e criação do conhecimento fazem parte de uma indústria moderna e de um empreendedorismo evoluído que não devem continuar a margem?

Discutíssemos a criação/implementação de fundos sectoriais de investimento em inovações para enfrentar a deterioração da infra-estrutura nas instituições de pesquisa científica e tecnológica?

Abandonássemos o modelo tradicional de formação profissional que, em muitos casos, desconsidera as novas competências produtivas das regiões e optássemos pelo modelo territorialista (centrado na criação de capacidade de acção, no reforço das condições de participação dos cidadãos nos processos de desenvolvimento e no estimulo à iniciativa local)?

Evidenciássemos que, face às tendências e desafios da precariedade do emprego no mundo, o modelo de educação proposto aos angolanos os (des)prepara e/ou é (in)capaz para enfrentar a precariedade do emprego e dar resposta eficaz à produtividade esperada?

Reconfigurássemos as zonas rurais? A ideia de reforma agrária (na perspectiva do regime de acesso, uso e posse de terras) como alternativa de combate à pobreza rural e na qual os pequenos produtores locais estivessem no centro, uma vez que ocupam 86% da área cultivada, sendo que representa 10% de terras aráveis disponíveis?

(Re)lembrássemos que a "solução" local/regional está na capacidade das regiões para gerar internamente as condições de transformações das suas estruturas produtivas e não na capacidade de atrair novos projectos? Se dotássemos as cidades intermediárias e centros regionais de capacidade de apoiar as actividades económicas de zonas com elevados índices populacionais, com redes de extensos serviços e facilidade de acesso já que pode reduzir as assimetrias sócioespaciais?

Debatêssemos a (re)definição de prioridades estratégicas das infra-estruturas colectivas, numa lógica de oferta equilibrada (em primeiro lugar social, em segundo social e económico), a fim de melhorar a capacidade de atracção na região?

Entendêssemos que os sistemas de transportes, em muitos casos, podem apresentar efeitos contrários ao esperado? Pois um conecta mercados de uma determinada região (sistema intra-regional) e o outro conecta várias regiões (sistema inter-regional). Por conseguinte, as regiões deprimidas que queiram crescer e desenvolver deverão oferecer vantagens consideráveis e especializações diferenciadas sob pena de serem consideradas inatractivas;

Colocássemos os preconceitos de parte e assumíssemos a legalização do cultivo e exportação da canábis (liamba)? Uma cultura em franca expansão e usada em 21 sectores da economia, desde indústria farmacêutica, alimentar à cosmética, com facturação anual na ordem de mais de 21,3 biliões de dólares anos/2020;

Reconhecêssemos e valorizássemos o contributo económico, social e psicoterapêutico do KUDURO para os angolanos?

Percebêssemos que os bloqueios institucionais dificultam a vida de quem tem iniciativas e expulsa o talento e capital financeiro?

Olhássemos às autarquias locais como a forma mais plural, abrangente e inclusiva da participação do cidadão na governação?

Entendêssemos que não existe solução económica para os problemas ditos económicos... mas solução antropológica, cultural, sociológica, moral, ética, política para os dramas actuais de Angola?

E se o custo de oportunidade, desperdiçada, tiver sido muito alto...?