Uma luz acendeu ao fundo do túnel, o pessoal sorria, embora houvesse quem desconfiasse da promessa. Tanto é que há essa passagem no texto: "... alguns que não votaram em 2012, dessa vez votaram, confiaram que haverá a tal correcção que urge e a tal melhoria aguardada, tal qual fogo para cozinhar. Outros, no entanto, continuam por cima do muro, na dúvida e muito descrentes em relação ao que será feito, preferem dar crédito à mesmice, "não vai melhorar nada", dizem cabisbaixos! E tem ainda quem esteve bem decidido na sua opção e não esconde as suas decepções e dificuldades de vida, tanto que nem acredita mais na "mesmice" que outros acreditam, nem tão pouco na correcção e melhoria prometida, optando, sim, pela troca com outras pessoas no Governo. Tal vontade tem crescido tanto que os números de votos divulgados mostram isso, cujo maior exemplo é Cacuaco, que uma vez mais mostrou ser o fel da celebração de quem ganhou, rebentou a bílis, amargando a farra, apesar de alguns camaradas mais atentos e realistas alertarem em tempo oportuno (fizeram-no em 2007, 2012 e 2017) para essa possibilidade bem patente." In Mambos da Nguimbi - Novo Jornal (outubro de 2017).

Cinco anos depois, o cenário é o previsto por muitos, o País regrediu em vários aspectos, a qualidade de vida bazou, a fome veio com força e faz parte da vida de muitos de nós, tanto que já se diz que as mortes são diárias. Muita boa gente está farta, uns bilam para emigrar para o estrangeiro em busca de algo melhor, outros tentam safar-se como podem com michas que diminuíram, com biolos que estão cada vez mais difíceis ou pinando os bens alheios na esperança de vida melhor. O descontentamento disparou, está em alta, tanto que se ouve em bué de becos e ruas que o mais importante é mudar quem governa, não importa quem vai entrar, mas tem de haver mudança, porque não se corrigiu nem se melhorou. Embora haja quem defenda o contrário que houve, sim, alguma melhoria e cita alguns casos mediáticos, mas...

O resultado da eleição do dia 24 mostra um pouco desse descredito a que o M e a sua governação de décadas têm vindo a acumular por todo o País e já não é só em Cacuaco, onde começou a queda em Luanda e que, por arrasto, tal como previmos em 2007, levou Luanda para g unit. O que esperar dos próximos cinco anos de JLo? Essa é a questão-chave. Que mudanças ou melhorias poderão ser feitas para todos os cidadãos e não apenas para alguns laifados? Que M sairá dessa cacimba fria? O mesmo surdo, eivado de arrogância, canais, apadrinhamentos e lutas e onde as orientações superiores apesar de se dizer que devem acabar ainda persistem principalmente nas escolhas de quem vai dirigir os caps e outros órgãos? Um M cada vez mais distante das bases e das massas e que mesmo mostrando eventos lotados na hora do voto foi visível que afinal as imagens podem ser enganadoras? O que falta para melhorar?

Quanto à g unit, pergunta-se o que poderá fazer nos próximos cinco anos, agora que tem muito mais deputados? Como irá gerir a vitória em Luanda? O que faltou para ter ganho?

Quem irá convencer os indecisos e os desligados que não querem saber de ir votar nem se sentem atraídos por qualquer dos partidos ou candidatos?

Quanto à estranja, a mensagem é clara e audível.

As autarquias poderão ser o próximo teste decisivo a nível da governação em Angola, na qual poderá ser possível avaliar uma vez mais o nível de satisfação dos cidadãos nas localidades.

Antes de terminar, socorro-me de uma deixa da Yassimina Cadete sobre o assunto e que penso ser pertinente: "Vencer é importante, mas o mais importante é resolver o problema do povo, como já dizia o Dr. Agostinho Neto, infelizmente em quase meio seculo o M não fez nem metade do que podia ter feito, mesmo quando teve condições para o fazer, portanto o povo espera que, nos próximos cinco anos, haja, de facto, mudanças significativas e, como o próprio PR tem feito menção, que haja governação participativa, governar com todos. Parabéns à UNITA, porque, mesmo perdendo, acabou ganhando".

Para fechar, diria que mais do que exigir e esperar mudança em quem governa, temos de exigir que haja melhoria da qualidade de vida e acompanhar de forma exigente a gestão de quem ficará no cadeirão a mandar por mais cinco anos. Temos de fazer a nossa parte sempre, pressionando e cobrando quem ganhe hoje ou amanhã, só assim poderemos conseguir resultados satisfatórios para todos. Katé+