Acompanhamos por anos o crescimento do grupo e o peso que cada membro teve dentro e fora do kuduro. O hábito ou brincadeira de tão logo cantarem nos shows convidarem o pessoal para bazar fez alterar a ordem dos concertos que ficavam vazios havendo ainda cantores por actuar ou fechar. A partir dai houve quem começasse a prestar atenção ao mambo e a perguntar, quem eram os Lambas e o que tinham de diferente que fazia o público segui-los?
Será que é por serem da periferia e cantarem as makas ou as dizumbas como agora se diz, que assolam a banda, numa linguagem que os jovens entendem quer estejam no gueto como na city, usem gravata ou calção e chinelas, quer andem de Nagrelha ou de bima, quer sejam kunangas ou bossangas, cientes ou pausados, do petro ou do dá gosto, doutores ou não!? Porque será? Tinham pau? Não sei, reflitamos!
As noias dos madies não deixam indiferentes, quer se goste ou não do estilo, as batidas rebentam com a caixa e convidam a dar o 4 no boda no salão luxuoso ou no quintal com terra vermelha que com os toques falados a poeira assanhada saltita abraçando os efusivos dançarinos.
Não agradam a todos o que é normal, mas são reconhecidos e quem duvidou agora sabe que os putos do Baião dão tareia. O que houve no óbito do Nagrelha era previsível para os mais atentos que seguiram a carreira do grupo. Convém lembrar que lideraram as vendas de cds na portaria da RNA e de outros locais, causando o encerramento de estradas, quedas de árvores, ferimentos e morte inclusive, por causa do número de pessoas que foram aos locais para verem, cantarem, bailarem e comprarem os cds.
Tal fenómeno de popularidade não passou despercebido a nível politico, tanto que várias vezes deram a cara durante as campanhas eleitorais levando os presentes ao delírio. Por falar em política, o Nagrelha dizia que um dia seria administrador do "Sambzanga", mas que infelizmente a vida foi egoísta e não deixou, mas não por falta de apoiantes! Continuo a questionar-me como seria se o Naná, o mais popular entre os jovens, decidisse algum dia ser candidato às eleições!? Ngongoyove!
Os lambas deixam-nos várias mensagens que deviam obrigar-nos, sim, obrigar-nos a reflectir durante algum tempo e a tomar medidas serias a nível institucional e pessoal para que mudemos a música, a dança e os jovens em Angola para melhor. A aposta num ensino tal como reza a Constituição da República e demais legislação deve ser prioridade para que se possa ter músicas com melhor conteúdo, jovens bem formados e com uma profissão evitando a delinquência e a exclusão, tornando-se chefes de família exemplares.
A aposta s ser feita deve melhorar a qualidade de vida em todos os lugares (até na periferia) sem a tradicional dioba, com água, luz, saneamento básico, arruamentos, arborização, entretenimento salutar (desporto, cultura, etc.), saúde, educação, segurança, coesão familiar. A inclusão social não deve ficar pelo sonho e pelas dicas do grupo ou pela voz do Nagrelha, mas em homenagem ao kuduro, a arte, aos jovens e ao país deve ser encarada como uma divida à todos nós e ser oferecida como seria de esperar de acordo as promessas ditas em palcos onde o Estado Maior muitas vezes pisou e ajudou a divulgar tais mensagens. A aposta na saúde preventiva para mitigar as doenças silenciosas como o cancro é também um desafio a considerar.
O que vimos com os Lambas e o que se assistiu no funeral é apenas um sinal de como as coisas estão, de como nós jovens estamos, com as devidas ressalvas e enquadramentos. Como? Analisem-se ou analisemo-nos e respondamos. Não estamos bem, precisamos de ajuda urgente! Não é pelo fumo, nem pela dança, tão pouco pelas letras (que eles defendiam sem ofensa), mas é pelo nível de vida, é pelo baixo e deficiente nível académico, é pelo desemprego, pela desvalorização da vida e falta de esperança que não permite sonhar com um amanhã, é pela garantia que devemos cuidar melhor da nossa família sem sermos ingratos com quem nos dê a mão nos momentos sombrios, nos ajude a caminhar bem e a ver a luz que ilumina o nosso caminho com humildade e honestidade.
O recado tá dado, o kuduro não pára, só não sabemos como será agora sem o Estado Maior que elevou a fasquia que pretendia levar até 2030 a fintar como rimava e com a Weza que punha o madie na linha, tanto que ele pausava quando a dama falasse e fazia a devida vénia!
Será que se ouviu o grito dos jovens que não têm presente nem futuro? O que se fará para dar a volta a situação? Criticar apenas? Apontar o dedo e a câmara, fazer foto e vídeo, partilhar e comentar?
Kotas, sabemos que vocês podem duzir mambos fixes connosco, por e para nós, façam para salvar-nos e salvar a banda, a dizumba tá ficar guda e a fazer-nos banzelar nos putos e a tequetar a galar para onde baza esse mambo onde o nguvulo pita e o ciente kinguila diobado, enquanto tira voado para outras bandas abandonando o pacote de recarga que o consolava e bondava ao som que manipula o fim! Como será o futuro? Banzelem nesse mambo pra fazerem bem melhor!
Katé+