Não obstante a sua licenciatura em Direito, que nunca utilizou, foi na arte que ganhou notoriedade. De comediante a Presidente foi confirmado com 73% dos votos. Muitos acreditavam que ele nunca iria ser bem-sucedido. O seu tempo de vida útil como Presidente estava ensombrado pela fraqueza que lhe foi conferida por todos aqueles que apenas vencem as batalhas de forma teórica e que aceitam o sistema tal como ele é, pois são adversos às coisas novas.
Num tempo em que o povo se reduziu a uma definição meramente administrativa, cujo poder não vai para além do seu voto e quanto a tudo o resto não decide nada, o exemplo de Zelensky, o servo do povo, veio mostrar o poder da SOLIDARIEDADE e da HUMANIDADE e como escreveu Juan Carlos Monedero, in "CURSO URGENTE DE POLÍTICA PARA GENTE DECENTE", mostrou, igualmente, que é possível "recuperar a política contra os que organizam o silêncio e os que conspiram a favor da indiferença".
As televisões de todo o mundo mostram um homem que, pelo exemplo, uniu o seu país, a Europa e o resto do mundo. Ao contrário do que se esperava, de alguém sem experiência militar ou política, o homem não fez como faria a maioria dos presidentes que hoje estão em funções e que à primeira bala se escondem nos seus palácios ou nos seus bunker"s ou quando as coisas ficam mesmo muito feias fogem nos seus aviões privados pagos com o dinheiro do povo. Ele ficou ao lado das pessoas a lutar pela defesa da sua pátria. Ele trouxe à nossa memória o tempo em que os reis saíam em combate e ficavam na primeira fila da cavalaria a enfrentar o inimigo, quando a honra valia mais do que a fortuna. Zelensky, o homem que se mostrou pessoa, cidadão, parte integrante de um todo, um estadista que sem uma palavra de ordem conduziu uma nação inteira para a união. Gente de todos os credos, de diferentes ideologias políticas, de todas as idades e géneros, até os que nele nunca acreditaram ou votaram, todos juntos como os dedos da mesma mão, incluindo o povo russo que, sem medo e em casa, defende os seus irmãos com todas as armas que tem, a exemplo das demissões de cargos públicos de gente decente, não obstante as prisões em massa e sem saberem qual será o seu destino.
Não foi o medo que galvanizou o povo ucraniano. Foi a consciência, o amor pela pátria e o exemplo do seu Presidente que recusou "a boleia para sair do país", que permitiu que todos se empenhassem na defesa da sua casa. Este exemplo contaminou o mundo, que não quer saber do teor dos tratados ou de quem tem razão ou é culpado. O mundo apenas olha consternado para a estóica luta de um povo que se encheu de coragem e decidiu dizer não, porque percebeu que qualquer um de nós pode fazer a diferença quando nos unimos para defender a liberdade, a vida e os nossos filhos. O povo europeu aprendeu bem a lição da Segunda Guerra Mundial e por isso estão unidos na defesa da Europa, dando uma lição de consciência, solidariedade e verticalidade aos governos europeus.
A gente comum de que fala Fosdick é aquela que "faz funcionar autocarros, os esgotos, que abre as bancas dos mercados, dos teatros e dos bares e é responsável pelo milagre da água nas nossas torneiras". É gente que lê o mundo com realidade. Quando menos se espera esta gente levanta-se e com coragem decide não aceitar o que não faz sentido. O Presidente ucraniano Zelensky veio trazer uma nova luz sobre a necessidade de se escrever o Manual do Presidente do século XXI. Um Presidente que desça do seu pedestal. Que se sinta e aja como servidor público cuja função é apenas defender os interesses do povo, a sua felicidade e segurança! Um presidente humilde e acessível. O mundo já não precisa de presidentes que na sua liderança sejam incapazes de fazer nascer a grandeza! Que estejam ausentes nas calamidades, na fome que derrota a vida e no choro das mães que enterram os seus filhos mortos pela pobreza ou pela indiferença! Já não precisa de presidentes que façam discursos entediantes e vazios de sentido por que nunca falam para o povo. Esta é, sem dúvida, uma lição para o mundo e o dia seguinte do despertar dos eleitores que estão a ver como se constrói, de facto, uma bandeira que não permita que, por nada deste mundo, nos tirem a voz.