Lembro que, há cerca de dois anos, o mundo caminhava naquela normalidade que já nos habituou, sem muitas surpresas. De repente, sem ninguém esperar, demos de caras com uma pandemia sobre a qual havia pouca informação, tendo a cultura do medo, a incerteza e certos interesses inconfessos guiado a humanidade para uma direcção pouco certa. Entre a pandemia e o início da vacinação, continuaram a vigorar as contradições, o negacionismo e o assalto a determinadas liberdades. Rapidamente surgiram recursos para atenuar os efeitos pandémicos que ainda são visíveis na nossa sociedade. O combate ao maldito vírus virou a prioridade das prioridades e o ensino foi grandemente prejudicado.
Mais recentemente, novamente sem ninguém esperar, surge uma guerra que ofusca a prioridade anterior e relega para segundo plano o vírus que se vai tornando parte do nosso quotidiano. Um vírus tão normal que passou de pandemia para endemia e, portanto, não tem o destaque que já teve. Há outras prioridades, outros medos para realçar e, apesar de estar a decorrer tão longe do nosso território, resultam numa falsa segurança do nosso mundo.
Nem dá para ter uma ideia sobre ainda mais o que está por vir, sobre o que o futuro nos reserva, que outras surpresas irão trazer o desespero do povo angolano. Mas, enquanto se espera que surja outro evento que nos atropele, talvez fosse melhor dar mais dignidade a quem ensina, a quem forma as gerações vindouras que terão a responsabilidade de criar as bases para o crescimento de Angola.
Estar em cima do muro ou enterrar a cabeça de baixo da areia não vai resolver o problema. Colocar os professores e alunos à espera de nada e contar que a greve termine por conta de outro evento não faz parte nem do corrigir o que está mal nem do melhorar o que está bem.
FIM
Sorriso Crónico: À Espera de Nada
Já lá vão mais de dois meses que os estudantes universitários do ensino público têm de arranjar o que fazer para combater o ócio, o nada por fazer. O futuro de muitos deles vai sendo hipotecado por conta de uma greve que parece interminável e que não lhe é dada a mínima atenção. Há outras prioridades pois parece que o Ensino Superior não é para todos.
