Talvez a memória colectiva seja curta pela falta de uma alimentação cuidada e de hábitos regrados do exercício da mente de tão focadas que as pessoas estão em sobreviver e maldizer. Documentos falsos já permitiram a um cidadão viver bem, escudado na sua pseudo paternidade e no medo de se questionar os donos do poder. Documentos falsos consentiram a muitos angolanos conseguirem o seu primeiro emprego, quase sempre em instituições do Estado, em sectores-chave. Cartas de condução forjadas garantiram, e ainda garantem, que muito habilidosos condutores ceifem vidas nas nossas estradas. Certificados adulterados facilitaram a vida a centenas de alunos que conseguiram ingressar no ensino médio e universitário. E há ainda as situações onde a veracidade dos certificados não pode ser apurada uma vez que estes não aparecem.
Tudo isto num silêncio dilacerante, suportado por abraço cúmplice da sociedade e assente no espírito do "deixa andar", pois a mim não me toca. Ainda não, ou talvez não directamente. Talvez a invisibilidade do vírus esteja a deturpar a nossa visão deixando-nos focados em malsinar o que nós vemos e ouvimos. Mas nada disto é novo e não se pode culpar a pandemia. Novos são os assuntos que nos desviam do foco e que não permitem corrigir o que está mal.
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