Neste novo diploma legal, onde foram levantadas algumas restrições, já se pode ir à discoteca para dançar juntinhos com álcool à mistura e muitos bramidos de alegria eufórica de quem quer celebrar um tipo de liberdade num espaço claustrofóbico. Nos casinos, pode-se também torrar o salário mínimo ou não, sendo obrigatório sair antes do sol raiar, de modo a não cruzar com outros cidadãos que estejam na via pública. Tanto nos espaços de diversão nocturna como nos locais de jogos de azar, convém seguir as medidas propostas, pois a multa é superior ao salário de um professor catedrático.

Talvez fosse melhor contratar os professores, principalmente os catedráticos, como fiscais das inúmeras transgressões que vão certamente existir. Um fim-de-semana de trabalho, recebendo apenas uma comparticipação da multa, certamente teriam um rendimento melhor. Como quem paga a multa é o estabelecimento, bastaria o professor combinar com alguns dos seus alunos para descumprirem militantemente a lei e um aumento salarial já estava no papo.

Como foi amplamente noticiado, o salário mínimo vai subir 50%. Será, portanto, desconfinado, descongelado. Esse desconfinamento não é para todos. O salário mais baixo desta nova tabela será o do pessoal que alimenta o País e que passará a receber aproximadamente 32 mil kwanzas. Depois serão feitos uns ajustes de 4% para as outras classes que também ganham mal, mas que, em nome da justiça social e da diferenciação positiva, não precisam de ter pressa. Chegará a sua vez de desconfinar.

Já os titulares de cargos políticos, lideranças e chefias serão sujeitos ao dever cívico de recolhimento, abstendo-se de beneficiarem de aumentos tão cedo. Deverão continuar a usar a máscara, o álcool-gel e outras medidas que os distanciam socialmente dos mais necessitados.