Enquanto o Canal de Suez, com mais de 150 anos de existência, permite uma mobilidade importante entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho, alimentando mercados internacionais, a nossa Selecção, com menos de 50 anos, está com muito pouca mobilidade, um mar de maus resultados que resultou na ocupação do famoso lugar do "lanterna vermelha" nestas eliminatórias.

O desencalhamento do Canal de Suez foi feito com o dispêndio de muitos recursos financeiros, mobilização de várias equipas e muita planificação. Talvez esta seja uma receita que poderá permitir a Selecção das Palancas Negras regressar a momentos melhores de um passado já longínquo. É preciso desencalhar a Selecção, levantando a âncora que nos mantém no meio da tabela do ranking da FIFA. Actualmente, Angola está na posição 125 de 210 países e territórios.

Mudam-se os treinadores, encontram-se jogadores perdidos em campeonatos noutros continentes, cuja ligação com a Pátria é a sua naturalidade, mas os resultados têm sido os mesmos. A prata da casa está com o valor do latão que, apesar de possuir uma cor amarelada semelhante à do ouro, não é capaz de ser um metal precioso. É preciso planificar adequadamente e fazer melhor figura nas eliminatórias ao Mundial de 2022, no Qatar.

Talvez a culpa seja do nome da Selecção, pois as Palancas Negras são tão raras que não se vêem no campo, estão quase sempre sob ameaça do fogo inimigo e amiudamente caem em armadilhas. Aquilo que deveria ser motivo de orgulho carregar ao peito o nome de uma espécie que só existe em Angola, está a tornar-se no estatuto de conservação do animal: em vias de extinção. Talvez fosse melhor sugerir a alteração do nome da Selecção, escolhendo um nome mais adequado por meio de um concurso subsidiado por um fundo de risco. Cabrito com toda a certeza come onde está arramado, ainda dá cabo da relva. Talvez um animal selvagem, mas não muito.n