Há, todavia, outras histórias menos conhecidas que podem ser verdadeiras ou apenas mera e pura coincidência. Como diz outro ditado, quem conta um conto aumenta um ponto, seguem aqui duas narrativas que podem ser fake ou não, mas que ilustram as formas aguçadas do engenho movido pela necessidade.

A primeira é sobre um agricultor, talvez um daqueles de fim-de-semana que existem em Luanda e que vão às suas fazendas para fazer almoçaradas regadas com sumo de cevada e outros líquidos mais alcoólicos. Após comprar muitos cabritos e colocar na sua fazenda para a reprodução, o certo é que passaram largos meses e não havia sinal de crias. Estranho, tinham-lhe assegurado que era fácil reproduzir cabritos e que estes animais comem qualquer capim. São de fáceis manutenção. Sem resultados, solicitou o apoio de especialistas para verificarem se havia problemas com o sistema reprodutivo dos animais, poderia haver animais estéreis, ou talvez a alimentação não fosse adequada, ou poderiam estar enfeitiçados. Os especialistas começaram por perguntar aos funcionários da dita fazenda qual era o seu salário. Não recebiam salário há mais de 18 meses. Acho que ficou claro o que se passava com o desaparecimento misterioso das crias.

Outro agricultor, esse com interesse também em aves, tendo um pequeno lago na sua fazenda, comprou alguns patos. Poderiam ser para procriar ou apenas para embelezar a fazenda, ocupar o lago. O motivo não interessa. Bastou estar longe da fazenda por uns meses longe da fazenda, por conta da Covid-19 ou quiçá por outros motivos para, quando decidiu voltar ao seu recanto agrícola, encontrar o lago desprovido de patos. Terão tomado o mesmo destino que os cabritos de Sua Excelência? Ao questionar os seus funcionários sobre o que se passara com os lindos patos a resposta foi peremptória: morreram afogados. Coitados, uns patinhos lindos que não sabiam nadar. Faltou-lhes o engenho.