Claro que, em tempos de pós-modernidade e da constante construção do significado das palavras e de contextos, este ditado pode dar lugar a várias interpretações. Isto é particularmente verdade numa altura em que o mundo, em geral, e o nosso País, em particular, passam por períodos de mutações constantes que não permitem demonstrar a eficácia da corrente tripartite dos poderes políticos, os alicerces do equilíbrio democrático.
Repetidamente é possível identificar evidências de um silêncio imposto que assume características de mordaça da censura, restringindo a liberdade de pensamento, de crítica, de conhecimento e de opinião dos que querem ajudar nos rumos a dar ao nosso País. Fazer calar para evitar corrigir o que está mal só cria barreiras para o desenvolvimento. O silêncio, quando inoportuno, só alimenta espaço para desinformação, especulação e suspeição e envenena a sociedade.
Por outro lado, a palavra nem sempre aparece para demonstrar a prata do adágio, que se pretende isenta e oportuna, mas, sim, para quebrar o silêncio do desconforto causado pelo quarto poder, talvez agora também um pouco mais intoxicado. É uma espécie de alquimia tradicional em que se tenta, a todo o custo, transformar metais sem valor em metais preciosos para prolongar a riqueza de um pequeno grupo.
Tem de ser possível criar uma sociedade onde a crítica construtiva seja valorizada e que permita, de forma coerente, maior e melhor fluxo de comunicação e informação. Dar "palavra" acentuada aos assuntos quando são provenientes do estrangeiro e fomentar o "silêncio" com menor ou nenhum destaque aos assuntos internos parece ser perpetuar as eternas "ordens superiores". Um presente envenenado e um futuro hipotecado.