Li numa publicação local que a idade média dos fundadores/criadores destas iniciativas ronda os 28 anos, elas já representam uma percentagem considerável de novas empresas abertas na Índia, e há vários exemplos de startups bem-sucedidos, tudo graças a um modelo de incubação de empresas eficientes, inovador e de forte base tecnológica. A Índia é aqui usada como referência, mas mantenho a insistência em Angola e naquilo que pode chamar a Startup Angola.
A pandemia da Covid-19 veio mostrar-nos que a inovação é cada vez mais decisiva para os negócios, e é bom quando as lideranças políticas estimulam e apoiam iniciativas para fomentar criação, inovação e captação de estratégias de negócios. As Startups estão a impulsionar o crescimento económico de muitos países, sobretudo na criação de empregos e também aumentando o acesso à educação e saúde. Citei aqui o caso da Índia, país que tenho visitado regularmente nos últimos dois anos e que está na vanguarda da inovação, tecnologia e empreendedorismo.
Louvo esta iniciativa do Executivo de João Lourenço, gosto deste olhar para a juventude e dos desafios que lhes são lançados. Estamos na era da revolução/evolução digital e precisamos de criar inclusão e literacia tecnológica. Somos um País jovem e cujo futuro depende do investimento que vamos fazer hoje nos jovens que vão "segurar" amanhã Angola. Precisamos de jovens educados, ambiciosos, inteligentes, rigorosos e focados. Precisamos de lhes mostrar alternativas, dar-lhes alguma coisa em que acreditar, guiar-lhes para novos mundos, tornar-lhes agentes activos da transformação. É preciso mostrar aos jovens angolanos que há mais vida para além da política e que não é ali onde está o centro das suas realizações pessoais e profissionais.
É também uma oportunidade para lhes dizer que o tempo e o acesso que têm à Internet e às redes socias podem ser usados para empreender e gerar negócios. Estas iniciativas são importantes para se olhar para o modelo de empreendedor que se pretende e acabar com os modelos populistas e eleitoralistas de empreendedores a prazo, criados em períodos eleitorais, sem sustentabilidade e, muitas vezes, sem futuro.
A expectativa é de que esta plataforma, esta incubadora de Startups, estimule a criatividade e diversidade tecnológica e crie espaços para o desenvolvimento dos actuais e futuros projectos.
É preciso que haja cooperação entre investidores, incubadoras, centros tecnológicos, consultores e Governo, para que o sistema ora lançado se torne sustentável e tenha robustez para apoiar as novas empresas durante o seu ciclo de vida e inserção no mercado. Fazer da transformação digital e tecnológica uma cultura e das cidades verdadeiros centros tecnológicos, não cair na tentação de fazer de Luanda o Alfa e o Omega de todos os projectos (basta ver como Banglore se tornou a principal cidade de alta tecnologia na Índia e uma das 10 cidades mais "empreendedoras " do mundo), criar benefícios fiscais, apoios ao financiamento e incentivos para o registo de empresas.
É preciso investir em inovação tecnológica, aumentar a abrangência e acesso à Internet, quebrar burocracias, atrair pessoas e criar novas oportunidades.
A divulgação e a promoção destas iniciativas são importantes. É preciso que não se fique apenas pelo lado político da coisa.
Quando o PR João Lourenço foi inaugurar uma incubadora, deixou algumas orientações e lançou desafios. É preciso fazer o "follow up", lançar o debate na comunicação social, nas escolas e no mundo digital. Temos exemplos de Startup nacionais que não foram divulgadas, que já funcionam, que são um bom exemplo de empreendedorismo, que geram empregos e com uma boa carteira de clientes. Já temos Startups angolanas a participarem em eventos internacionais como o Web Summit, por exemplo, e grande parte delas liderada por jovens.
É preciso que olhemos para exemplos de iniciativas e eventos de jovens como o irlandês Patrick "Paddy" Cosgrave. É bom quando o Governo começa a ter um olhar para a inovação, para o empreendedorismo e criação de um ecossistema de Startups. Temos de inovar, temos de estimular o empreendedorismo, temos de gerar empregos, partilhar conhecimentos e seguir a pedalada do mundo em que vivemos. Temos de fazer entender aos nossos jovens que a Internet não é apenas um espaço para a promoção do discurso de ódio, assassínio de carácter, batalhas políticas, promoção de futilidades e banalidades, mas que pode ser um espaço para gerar conhecimentos, partilhar ideias, criar receitas e contribuir para o desenvolvimento/crescimento pessoal, profissional de jovens e de um país. É uma boa forma de começar a dar-se um novo "start" aos jovens deste País de e com futuro. E que venha aí o Dia Nacional das Startups!
Que venha a Startup Angola!