Sabe-se que as causas deste estado de coisas são externas e internas.

O que agora importa atender é ao futuro, com diligências que façam reverter a situação, com respostas adequadas.

Não sendo a economia um fim em si mesma, mas um instrumento para se alcançar um objetivo político determinado, que não é outro senão, neste caso, melhorar a qualidade de vida dos angolanos, a primeira prioridade está na criação de condições para credibilizar a esperança e concretizar políticas coerentes.

A economia ensina-nos que a ser mantido o crescimento económico menor o crescimento demográfico, o círculo vicioso da pobreza tenderá a manter-se, senão mesmo a agravar-se.

Isto porque, a cada ano que passa há mais pessoas a alimentar e uma menor criação de riqueza para distribuir.

No que respeita a Angola, a referida maior complexidade está nas estimativas que registam que no futuro a maioria da população continuará, em média, a ter menos de 19 anos, ou seja, ainda em idade escolar, não devendo estar integrada no sistema produtivo.

Angola tem atualmente 37 milhões de habitantes, estimando-se - segundo dados da ONU - que no final do século tenha 180 milhões, apesar da tendência, a partir de 2025 e à escala planetária, caminhar para a estabilização populacional.

Ainda assim, a população mundial no final deste século será entre 10 a 12 milhões de pessoas, sendo atualmente de 8,2 mil milhões.

Não querendo entrar no debate sobre a questão do planeta poder ou não gerar condições para a sustentabilidade com uma população tão elevada, por ser otimista e acreditar que haverão alternativas alimentares inovadoras e na evolução tecnológica, regressemos à situação concreta de Angola.

Do meu ponto de vista, o quadro multipolar em que nos encontramos possibilita a credibilização da esperança que inicialmente referi, com alargamento da base de apoio da intervenção do próprio executivo angolano para as respostas que se impõem para a superação do círculo vicioso da pobreza, perante a complexidade da situação económico-social.

É necessário unir tudo o que deva ser unido.

Como é sabido, os ensinamentos decorrentes das consequências da pandemia da Covid 19 em tudo o mundo, evidenciaram terem sido os Estados que assumiram o comando para implementação das medidas a serem observadas por todas as instituições e cidadãos, com vista ao combate ao flagelo e à recuperação da economia.

Desde logo, na Saúde, mas também na Educação, na Justiça, na Defesa e Segurança e na própria Política Externa.

Se bem se reparar, estas são funções soberanas que a todos os partidos políticos se impõem, justificando, por isso, a consensualização dos objetivos a prosseguir nestes domínios, a merecerem a maior atenção dos partidos políticos por impulso do executivo.

Esta metodologia reforça, naturalmente, o diálogo, estimula o desanuviamento de tensões e abre caminho para as opções que se imponham sejam tomadas no domínio da economia, priorizando o setor primário.

Refiro-me ao método e conteúdo da diversificação da economia e ao investimento, tão necessário para o êxito dos objetivos do melhoramento da qualidade de vida dos angolanos.

Isto, pela meridiana razão, que Angola não pode mesmo persistir no privilegiamento das receitas do orçamento assentes no petróleo e noutras commodities.

Não duvidando que é este o objetivo do executivo de Angola e não podendo deixar de o ser também dos partidos políticos com assento na Assembleia Nacional.

Considerando que Angola sempre soube vencer os obstáculos que se lhe depararam, acredito que assim será também neste novo mundo, mais complexo e incerto, nesta encruzilhada com caminhos ainda muito indefinidos.

*(Secretário-geral da UCCLA)