"Temos que nos preparar para avançarmos sozinhos, mas dispostos para a eventualidade de conversas. Mas essas conversas têm que ter regras, porque já sofremos muito com essa questão da FPU", clarificou Abel Chivukuvuku no encerramento do Iº Congresso Constitutivo que terminou quarta-feira, 21, em Luanda.

O sofrimento na FPU que o político fez referência, segundo apurou o Novo Jornal, tem a ver, com o acordo assinado com a UNITA que previa que a organização liderada por Chivukuvuku receberia 20% das receitas, fruto dos resultados eleitorais de 2022, das subvenções do Estado mas não está a acontecer.

"Os resultados das eleições de 2022 é trabalho do PRA-JA Servir Angola, Bloco Democrático e de outros membros da sociedade civil, mas a UNITA recebe o maior valor de mais de 700 milhões de Kwanzas, trimestralmente. Não é justo", disse ao Novo Jornal uma fonte do PRA-JA Servir Angola.

Como o Novo Jornal já tinha apontado, no início do Congresso, a nova força política liderada por Chivukuvuku, teria de ir, segundo algumas das suas figuras de proa, sozinho a votos para verificar o seu peso eleitoral de forma a adequar essa realidade à sua participação eventual na FPU ou noutras coligações ou plataformas políticas.

Na sua intervenção, Abel Chivukuvuku, adiantou que os "irmãos da oposição" têm medo e inveja do crescimento do PRA- JA Servir Angola.

"Nós somos os kandengues (miúdos) do ponto de vista legal institucional da política angolana. Eles são mais velhos, estão lá há muito tempo, mas fizeram o quê? Agora nós façamos trabalho", referiu Abel Chivukuvuku, frisando que vão continuar a trabalhar com outras forças, em diálogo, em harmonia, porque é o propósito do PRA-JA Servir Angola.

"Continua e continuaremos como irmãos, a trabalhar juntos, em diálogo, em harmonia, porque é esse o nosso propósito", garantiu.

Abel Chivukuvuku lamentou que do ponto de vista político, o país vive a ausência de uma agenda política democrática clara, com a recusa das eleições autárquicas pelo regime e a promoção de um pacote eleitoral com indicadores preocupantes.

No comunicado final, os congressistas constaram que se mantém no país um sistema económico de enclave com predominância dos sectores petrolífero e diamantífero, pois a propalada diversificação da economia foi atirada para as "calendas gregas".

O congresso constatou que a fome prevalece em algumas regiões do país com destaque para o sul de Angola, a pobreza e o desemprego predominante na juventude, que incentiva a emigração, continuam sendo as características endémicas no país.

Refira-se que na segunda-feira, 19, o candidato Abel Chivukuvuku foi eleito, em Luanda, o primeiro presidente do PRA-JA Servir Angola, com 661 votos do total de 675 votantes, no Iª Congresso Constitutivo deste partido político legalizado em 2024.

Abel Chivukuvuku concorreu à liderança do partido com Francisco Nkanga, que alcançou apenas 11 votos.

O PRA-JA Servir Angola foi legalizado em outubro de 2024, depois de um processo iniciado em 2019, marcado por vários chumbos pelo Tribunal Constitucional.