Segundo o documento, o sector da saúde é o que inspira mais inquietação: "O hospital está em estado de degradação avançada, com as casas de banho entupidas, e, por isso, desactivadas. Não há água canalizada e o laboratório da unidade hospitalar não tem reagentes. Há ainda falta de medicamentos e material gastável".
Numa visita à pediatria, a delegação diz ter verificado que estavam internadas várias crianças, "40 das quais em estado muito grave, com os balões de soro, vazios, suspensos nos suportes junto às camas, sem que nenhuma criança estivesse a beneficiar do soro". No banco de urgência, a comitiva encontrou "mais crianças em estado grave e sem assistência".
De acordo com o relatório, "os médicos e o pessoal de apoio trabalham em regime de contrato e têm 21 meses de salários em atraso, e os clínicos são em número insuficiente".
O mesmo documento informa também que "a morgue do hospital está inoperacional e fechada, mas, quando em funcionamento, os parentes do morto tinham de pagar KZ 40.000.00 por noite, alegadamente para custear a compra de gasóleo para o gerador".
"O encerramento da morgue faz com que os cadáveres sejam levados para casa pelos familiares, que se reúnem em volta do morto expondo-se a riscos de contágio", diz também o documento.
Mas as observações da comitiva do grupo parlamentar da UNITA não ficam por aqui: "Aterros sanitários improvisados inundam e arrastam o lixo para as ruas, nascentes dos rios Candanji, Nossa, Cambamba e ravinas, contaminando a água de consumo, o sistema de esgoto não está funcional, não há limpeza de sarjetas, proliferam os lancis e águas estagnadas, não há recolha do lixo, e a desinfestação e vacinação não são realizadas".
O documento chama ainda a atenção para o problema das ravinas, que "estão a progredir, há uma ravina que removeu um cemitério inteiro e arrastou todo o seu conteúdo para o rio onde o povo busca água para o consumo; como se não bastasse, em direcção a cada uma das nascentes, dos quatros rios que a população usa para se abastecer de água, há uma lixeira enorme".
Em jeito de conclusão, a comitiva da UNITA refere que "há efectivamente uma doença com sintomas de malária a matar entre cinco a 12 crianças por dia" e revela que " entre os dias 1 de Setembro e 29 de Novembro de 2017 terão perecido 1080 crianças, dos zero aos 17 anos, numa média diária de 12 crianças"
Deixa ainda algumas recomendações: "Uma requalificação para a vila de Cafunfo, a alocação de meios à administração municipal do Cuango para a recolha do lixo e saneamento básico, o combate e estancamento de ravinas, a reflorestamento do imenso território explorado e abandonado, a arborização da vila e áreas adjacentes"
"O estancamento de desvios e devastação de rios, sobretudo do rio que dá nome ao município, Cuango, a reabilitação urgente do Hospital Regional, uma campanha de educação cívica multidisciplinar e permanente, pode ler-se, por último, no relatório elaborado pela comitiva que aproveita para reforçar que "as Autarquias em Angola devem ser implementadas com alguma urgência"