"Está na hora de a cidadã retribuir tudo o que o Estado lhe proporcionou" e que lhe permitiu fazer "grandes negócios e tornar-se na mulher que é hoje", propõe Tchizé dos Santos.

"Pronto, mande dinheiro para Angola", afirmou.

"Como cidadã, esquecendo que sou irmã da engenheira Isabel eu, sabendo que tem activos em Angola e fora, eu se estivesse no lugar da cidadã Isabel dos Santos, mesmo que o dinheiro fosse todo lícito, o Estado angolano está a deixar muito claro que precisa urgentemente que a engenheira Isabel transfira algumas divisas para Angola", declarou a ex-deputada do MPLA.

"O que está em causa é a dívida de 75 milhões? Pague, então, se estão pedir euros e não querem kwanzas, apesar de um Estado, normalmente, querer receber na sua moeda, mas se precisa de dólares e está a pedir à cidadã, a cidadã que mais beneficiou das oportunidades de negócio em Angola, está na hora de a cidadã retribuir tudo o que o Estado lhe proporcionou, propiciando que fizesse grandes negócios e tornar-se a mulher que é hoje... pronto, mande dinheiro para Angola", incitou Tchizé.

Na declaração, Tchizé dos Santos argumenta que "quanto mais não fosse em consideração aos trabalhadores [das empresas de Isabel dos Santos], devia tentar negociar um valor a transferir para Angola para fazer novos investimentos, ainda que o dinheiro seja todo ele lícito, ainda que a única coisa em causa seja os 75 milhões que foram pagos em kwanzas à Sonangol, e que a Sonangol devolveu, e que agora tem de se voltar a pagar".

"Mais vale dar os 75 milhões de dólares ou euros como o Estado quer e para além disso, em demonstração de boa-fé, faça um investimento, transfira para o País euros, dólares, para fazer investimento, construa uma Universidade, Isabel dos Santos".

Para Tchizé, a irmã Isabel, que está no centro de uma mega fuga de informação denominada Luanda Leaks com mais de 700 mil documentos com alegadas provas das ilegalidades que lhe terão permitido erguer um império bilionário nas últimas duas décadas, devia reconhecer que é o Presidente da República quem tem o poder.

"[Isabel devia dizer que] 'para além de tudo o que já investi e os empregos que já gerei, e apesar de toda esta confusão, é o Presidente da República que manda, quer mais investimento, já mostrei que não há ilicitude nenhuma'", disse Tchizé dos Santos, admitindo que "pronto, há o tal contrato do Dubai, mas aquilo ainda não é prova de ilicitude, a menos que aquilo que a senhora Paula [Cristina Neves Oliveira , administradora não executiva da operadora de telecomunicações NOS] assinou esteja a ser usufruído pela engenheira Isabel dos Santos, mas acho que a senhora Paula fez o contrato, prestou os serviços, recebeu o dinheiro, pode haver uma questão moral mas não é crime".

"Vamos resolver isso, Angola é de todos, vamos resolver o problema do País", afirma Tchizé dos Santos

Tchizé dos Santos tem-se queixado de estar a ser alvo de pressões para vender as suas participações em empresas angolanas e diz-se vítima de tentativas de silenciamento.

Em declarações enviadas à Lusa, diz ter recebido telefonemas de alguém que se identificou como pertencendo aos serviços secretos de Angola, "ameaçando que, se não se calar" iriam congelar-lhe todos os activos em Angola.

"Já me disseram: vão-te tirar tudo, vão destruir a tua vida, vão-te boicotar, até o Banco Prestígio [vai] falir", afirmou a filha de José Eduardo dos Santos.

Em declarações à Lusa, Tchizé dos Santos diz que as pressões de que está a ser vítima provêem de figuras que dizem estar associadas ao Governo e que seria o executivo "a dar essas orientações".

Se não for, acrescentou a filha de José Eduardo dos Santos, "avisem [o Presidente da República, João Lourenço] que está a ser usado o nome dele por pessoas oportunistas".

Já esta sexta-feira, Tchizé dos Santos escreveu na sua página na rede social Facebook que faz parte da estrutura societária de duas das empresas que detêm metade (50%) da VIDA TV, canal 505 da DSTV.
"Quem está a cobiçar as minhas acções escusa de pressionar os meus sócios ou de me pressionar a mim. Querem as minhas ações? Paguem! Não há almoços grátis. Eu investi minha propriedade intelectual e dinheiro privado. Querem que eu "desinvista"? Paguem o valor da participação e mandem o dinheiro para onde eu estou que eu vendo. Também já informei os meus sócios", escreveu a irmã de Isabel dos Santos.