A partir da província do Kwanza- Norte, onde efectua uma visita de trabalho de dois dias, João Lourenço defendeu ainda que a "guerra de comunicados" entre as administrações dos dois canais, ambos sob a alçada do Estado, e a UNITA, não ajuda.

"Eu penso que a iniciativa foi dos ofendidos, eles é que sentiram na pele a intolerância por parte de um determinado partido político e sentiram a vida dos seus profissionais em perigo e reagiram da forma como todos nós vimos", disse o Chefe de Estado reagindo ao desenrolar desta polémica.

"Mas eu acredito que a guerra dos comunicados não ajuda, pelo contrário, acirra cada vez mais os ânimos, faz aumentar o nível de tensão que nós, enquanto responsáveis políticos desse País, devemos procurar evitar", acrescentou.

Para João Lourenço o diálogo deve prevalecer e disse acreditar que se isso acontecer "os ofendidos acabarão por perdoar" e voltar tudo ao normal.

"O nosso País já passou por situações bem piores que esta e os responsáveis por tais situações acabaram por pedir desculpas e os lesados aceitarem essas mesmas desculpas. Portanto, é uma questão de conversarem", disse o Presidente da República em declarações aos Jornalistas em Ndalatando.

A TPA e a TV Zimbo decidiram deixar de cobrir as actividades da UNITA até que o partido do galo negro se retracte publicamente. As duas televisões emitiram comunicados nos respectivos telejornais de segunda-feira dia 13.

A decisão surge após alguns supostos militantes da UNITA se terem insurgido contra jornalistas das duas estações de televisão durante uma manifestação realizada no passado Sábado, 11 de Setembro.

A TPA diz que as agressões físicas e verbais, consideradas graves, puseram em perigo a integridade dos seus profissionais, tendo o Conselho de Administração deliberado que a empresa deixe de dar cobertura às actividades promovidas pela UNITA.

Em comunicado, a comissão de gestão da TV Zimbo apela à direcção do partido UNITA a condenar publicamente tal atitude dos seus militantes, amigos e simpatizantes, sob pena de não mais cobrir qualquer actividade daquele partido político.

O porta-voz da UNITA, Marcial Ndashala, disse esta semana que a atitude da TPA e da TV Zimbo é "ridícula e inaceitável".

"Para além dos comunicados destas estações televisivas, veio depois outro comunicado do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, (MINTTICS) e outro do Bureau Político do MPLA. Nós não somos ingénuos e a UNITA nunca vai pedir desculpas a esses órgãos, como é pretensão, da TPA e da TV Zimbo pagas com dinheiro de todos nós", assegurou o porta-voz da UNITA.

Já hoje, como o Novo Jornal noticiou, o partido do "Galo Negro" veio dizer que a atitude da TPA e da TV Zimbo "oficializou" a censura em Angola, depois de anos em que o partido fez múltiplas advertências para o facto de as suas actividades serem repetidamente ignoradas nos alinhamentos dos telejornais, mesmo quando estes canais enviavam equipas para cobrir as actividades do partido.

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) critica o boicote à UNITA anunciado pela TPA e TV Zimbo e pede recuo da decisão as duas televisões.

"O sindicato apela às direcções das duas estações televisivas a usarem o diálogo como caminho mais sensato, da mesma forma que apela aos jornalistas a se absterem de disputas políticas sob pena de subverterem a neutralidade que lhes cabe nestas e outras circunstâncias", lê-se no comunicado do SJA.