Manuel Augusto, falando sobre os 10 acordos que vão ser assinados, abrangendo diversos sectores, destacou, a área espacial e as telecomunicações como um "domínio novo e importante" naquilo que se pretende construir para o futuro das relações bilaterais que assentam hoje num velho Tratado de Amizade e Cooperação datado de 1976, quando Angola era um país na órbita ideológica da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Sublinhando que é ainda que as telecomunicações e o espaço são determinantes para o desenvolvimento de Angola, Manuel Augusto lembrou que, durante esta visita de quatro dias de João Lourenço à Rússia, vão ser assinados 10 instrumentos jurídicos que vão reajustar as relações existentes.
Recorde-se que é com a Rússia que Angola tem um compromisso de colocar no espaço o seu primeiro satélite de comunicações, que será agora o Angosat-2, depois de o Angosat-1 se ter revelado um fracasso em finais de 2017, com o envio para o espaço a falhar quando o aparelho já estava em órbita.
Depois disso, os dois países deram início a uma nova negociação que culminou com o compromisso da indústria espacial russa de colocar, sem custos acrescidos para o estado angolano, um novo satélite em órbita.
O MIREX disse ainda que João Lourenço e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, vão reafirmar a intenção mútua de reforçar as relações consubstanciando nesse desejo a "adaptação dessas relações aos novos tempos", sendo razoável esperar uma nova e mais dinâmica participação russa no desenvolvimento de Angola.
Nomeadamente através do investimento provado russo, que tem já hoje um momento importante que é a realização de um fórum económico Rússia/Angola para o qual são esperados mais de duas centenas de homens de negócios russos, pendendo sobre estes a reconstrução das relações económicas, hoje quase totalmente dominadas pela área militar e pela indústria dos diamantes. João Lourenço vai falar na abertura deste encontro.
Um dos grandes investimentos russos que o Presidente da República disse esperar ver em Angola é a instalação de fábricas de equipamento militar e armamento, o que permitirá ao país diminuir as importações e o gasto de divisas e ainda criar emprego, até porque é da Rússia que chegam as grandes importações de material militar para as Forças Armadas Angolanas (FAA).
A assinatura dos 10 acordos bilaterais, que é sempre um dos momentos considerados mais importantes no âmbito das visitas desta natureza, terá lugar no final da mesma no Kremlin, o Palácio do Governo de Putin, em Moscovo, onde decorrerá igualmente o encontro a sós com João Lourenço.
O Presidente angolano vai ainda, na quinta-feira, condecorar o seu homólogo com a Ordem Agostinho Neto, a segunda mais importantes na lista das condecorações de estado nacionais, logo a seguir à Ordem da Independência.
Hoje, João Lourenço tem na agenda uma deslocação ao Parlamento russo, a DUMA, onde discursará perante os eleitos nacionais russos. A visita acaba na sexta-feira.
Com João Lourenço estão na Rússia Manuel Augusto, ministros das Relações Exteriores, das Finanças, Archer Mangueira, José Carvalho da Rocha, das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e o ministro dos Recursos Minerais e Petróleo, Diamantino Pedro Azevedo.