Os 30 dias de tréguas foram acordadas por norte-americanos e ucranianos em negociações na Arábia Saudita esta semana mas faltava um pronunciamento oficial do Kremlin, tendo Vladimir Putin aproveitado uma conversa com jornalistas esta tarde em Moscovo para o fazer.

Nessa conversa, após um encontro com o seu homólogo bielorusso, Alexander Lukashenko, o chefe do Kremlin explicou que as tréguas só poderão começar quando a Rússia tiver garantias de que o documento não contenha ambiguidades e não contenha desvantagens estratégicas para o seu país.

Além disso, segundo reportam os media internacionais presentes no momento das suas declarações, Vladimir Putin quer que a Ucrânia pare o seu processo de mobilização, não receba armas dos aliados ocidentais e concorde com os termos russos para encetar negociações para um acordo de paz alargado.

Ou seja, Putin não vê quaisquer vantagens em iniciar um cessar-fogo circunstancial se não for para dar o tiro de partida para um acordo de paz definitivo, tal como o Novo Jornal, um dos raros media que antecipou este desfecho, tinha avançado esta manhã.

Todavia, Putin admitiu que a ideia de um cessar-fogo é a correcta e que a Rússia "apoia totalmente esse princípio", enfatizando que sempre esteve nessa linha de resolver o conflito através do diálogo e de negociações.

Alertou, como anunciado, que "permanecem termos por discutir antes desse passo ser dado", apontando que essa discussão tem de ser especialmente tida com os Estados Unidos, admitindo que esse processo pode ter de passar por "uma conversa pessoal" com Donald Trump.

Numa segunda linha de garantias, Putin coloca ainda a questão dos mecanismos de verificação das tréguas, sendo que isso é fundamental para "prevenir que Kiev aproveite a pausa para se rearmar e reforçar as suas linhas da frente".

Como pode ser revisitado nos links em baixo nesta página, as condições do Kremlin para acabar com a guerra passam, em síntese, por garantir a neutralidade da Ucrânia, mantendo-se fora da NATO, não aceitar em quaisquer condições forças militares ocidentais na Ucrânia, que Kiev reconheça as regiões anexadas em 2014 (Crimeia) e em 2022 (Kherson, Zaporizhia, Lugansk e Donetsk) como parte inteira da Federação Russa, além do respeito pela língua, cultura e religião russas no que for a Ucrânia do pós-guerra.

Na reacção imediata a estas declarações de Vladimir Putin, o Presidente norte-americano admitiu que são "declarações promissoras mas incompletas", notando que acredita que "a Rússia vai fazer o mais correcto".

Nas declarações citadas pelas agências, Trump diz ainda que também quer, tal como o seu homólogo russo, falar pessoalmente com Putin, de forma a não deixar peças por encaixar no processo de cessação das hostilidades.

O Presidente dos EUA tem dito repetidamente nos últimos dias que acredita que também Moscovo vai concordar com o cessar-fogo.