"Constata-se com preocupação um desvio deliberado dos propósitos que estiveram na base da criação da CIVICOP", diz a UNITA.
O partido do "Galo Negro" diz que esta plataforma, que deveria ser a base sólida da reconciliação, foi transformada numa "instrumentalidade partidária de arremesso e julgamento público de adversários políticos como inimigos".
A UNITA condena "veementemente" a forma como a CIVICOP exibiu as ossadas de algumas das vítimas, em desrespeito pelas famílias, valores e tradições africanas, pelo que exige a retomada dos objectivos e princípios que nortearam a sua criação, "o mais urgente possível".
O partido avança que o seu Comité Permanente vai, brevemente, reunir para analisar a situação criada e ponderar os passos subsequentes.
Segundo a UNITA, a CIVICOP foi criada no espírito de perdão e com o propósito de reconciliar a família angolana bem como honrar a memória das vítimas, ocorridas em todas as províncias do País, durante a guerra fratricida e conflitos internos.
"Este propósito, na altura, foi saudado e apoiado pela direcção da UNITA tendo, para o efeito, indicado dois representantes para a mesma Comissão", termina a nota.
A preocupação da UNITA surge na sequência de uma reportagem difundida pela Televisão Pública de Angola, segundo a qual teriam sido encontradas ossadas que alegadamente pertencem a antigos dirigentes da UNITA, vítimas de conflitos internos.
Os órgãos públicos têm difundido nos últimos dias que a CIVICOP terá localizado, no município do Cuemba, província do Bié, as ossadas de Ana Savimbi, dos generais Bock, Perestelo, Tarzan e Antero. Figuras históricas da UNITA.
O Executivo angolano criou a CIVICOP encarregue do plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos, que ocorreram em Angola, entre 11 de Novembro de 1975 e 04 de Abril de 2002, e dois anos depois o Presidente João Lourenço pediu desculpas às famílias, em nome do Estado angolano, estando em curso o processo de identificação e exumação dos corpos que devem ser entregues às famílias para funerais condignos.
No âmbito do processo, foram já entregues às famílias as ossadas de dirigentes da UNITA mortos nos conflitos pós-eleitorais, em 1992, nomeadamente Salupeto Pena, Jeremias Chitunda, Mango Alicerces e Eliseu Chimbili.