O objectivo do encontro, que vai juntar pessoas de vários estratos sociais, familiares e os próprios doentes, centra-se na necessidade de se criarem mais laços de solidariedade e apoios aos agregados com pessoas que padecem de autismo e outras síndromes associadas.

Em entrevista ao Novo Jornal, o presidente da APEGADA, António Teixeira, alerta que em Angola as pessoas portadoras de autismo e transtorno global de desenvolvimento continuam a enfrentar enormes dificuldades. O estigma e a discriminação ainda estão na ordem do dia de uma sociedade pouco esclarecida sobre os portadores destas deficiências.

"Temos até casos de lares que se destroem porque os parceiros se recusam a aceitar a condição dos filhos. Pensam que se calhar os meninos têm culpa de nascerem com este estado de saúde. Como vê, é uma preocupação geral e que deve, em princípio, afectar todos nós", sublinha.

De acordo com António Teixeira, umas das grandes dificuldades das famílias e portadores de autismo prende-se com a falta de profissionais terapêuticos especializados para atender, com tranquilidade e eficácia, pessoas autistas. A falta de centros de avaliação e diagnóstico para o autismo constam igualmente das grandes preocupações dos portadores desta síndrome.

Outra dificuldade prende-se com a pouca atenção dada pela comunicação social a esta doença, nomeadamente no que tange à sua divulgação. Por esse motivo, muitas famílias apercebem-se tardiamente da condição de saúde dos seus membros. E, com isso, a falta de compreensão associada ao preconceito e ao estigma prejudicam o desenvolvimento e integração.

O número de pessoas autistas e portadores de transtorno global de desenvolvimento, afirma o responsável da "APEGADA", tem vindo a crescer. Neste momento, a associação conta com 230 indivíduos com autismo, 52 com síndrome de Down, 32 com paralisia cerebral e outras 10 em estado de diagnóstico, cujos sintomas e comportamentos indicam a existência de algum transtorno.

Segundo António Teixeira, estes números ainda não reflectem a realidade de todo o país, tendo em conta a pouca divulgação do autismo e outras síndromes, bem como as dificuldades que muitas famílias enfrentam para chegarem até à associação.

"Há muita gente que vive em grandes dificuldades e que não tem condições de chegar até à nossa associação. É preciso que se faça uma ampla divulgação sobre o autismo e a nossa função, enquanto associação, tem sido neste sentido: Pela vida, levantando a nossa voz, para que a sociedade saiba que estamos aqui e precisamos de um maior apoio", atesta.