A história africana recente e a da Região dos Grandes Lagos, em particular, confirmam estes sinuosos desenvolvimentos, em que grupos ditos rebeldes ou insurgentes, instrumentalizados sob o viés tribal ou religioso, são catapultados por intermediários na nova luta pelos recursos: do Sudão à África Central e Oriental, para citar os casos mais conhecidos, que tendem a adensar-se perigosamente para a África Austral, por via da RDC e de Mocambique.

Se, como aqui damos testemunho, o processo de Nairobi ficou minado, à partida, por Kinshasa tentar afastar uma das partes do diálogo nacional que a mediação queniana pretendia também incluída na mesa das negociações, já o processo de Luanda tentou contornar a crua realidade da guerra por procuração patrocinada pelo Rwanda com a cumplicidade de vários países ocidentais e multinacionais, na exploração ilegal de minerais estratégicos, sem esquecer antigas ambições territoriais.

Maus sinais no horizonte nestes tempos, em que alguns países africanos tentam fazer tábua-rasa de um princípio dito sagrado da União Africana sobre a inviolabilidade das fronteiras históricas herdadas à época das independências, algo que exigiria uma posição mais firme e abrangente. Esta via perigosa pode abrir caminho à divisão e desintegração de países, com o beneplácito directo ou indirecto de grandes potências mundiais de diferentes latitudes. A utilização de mercenários para garantir coutadas, acrescida de bases ou facilidades de acesso militar, faz, igualmente, parte desse cenário.

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