O porta-voz da delegação provincial do Ministério do Interior na província, superintendente-chefe Junqueira António, na noite desta quarta-feira, 30, avançou estes dados em conferência de imprensa, afirmando que "dada a situação que se viveu nas esquadras dos bairros Cahala [Malanje] e Quizanga [Quéssua], as forças da ordem responderam na medida da ameaça".

Nos confrontos, 28 ficaram feridas, entre as quais oito efectivos da Polícia Nacional atacados com disparos de armas de fogo automáticas e pedras, e 20 "desordeiros", anunciou o superintendente-chefe Junqueira António, que falou igualmente da detenção de 132 pessoas.

O balanço do MINIT inclui também a vandalização da esquadra policial, no bairro da Cahala, município de Malanje, a queima de duas viaturas particulares e a vandalização de outra particular, e a queima da carcaça de uma viatura da Polícia Nacional [esquadra da Cahala].

Entre os detidos, dois já foram presentes ao Tribunal de Malanje, alegadamente "os instigadores desta situação".

"O supermercado Angomart foi saqueado parcialmente, com roubo de electrodomésticos, nomeadamente televisores e arcas, foram vandalizados e saqueados três estabelecimentos comerciais no bairro Cangambo [Mercado do Tchaunde]. Outro parcialmente saqueado no bairro da Vila Matilde", afirma o oficial, em conferência de imprensa na presença do vice-governador Franco Mufinda.

Os desordeiros que montaram barricadas e queimaram pneus ao longo da estrada nacional 230, e bairros periféricos das três localidades, impediram durante várias horas a circulação de pessoas e bens e o funcionamento normal das instituições.

Junqueira António garante que o trabalho de contenção, reposição e manutenção da ordem prossegue, para que a vida volte à normalidade em todo o território da província de Malanje, "e a situação está calma e sob controlo das forças da ordem".

O vice-governador de Malanje para o sector político, social e económico, Franco Mufinda, deu a cara pelo Governo da província e procurou tranquilizar a população, defendeu que "o caminho da paz e o entendimento entre governantes e governados devem estar sempre presentes para a resolução de situações que preocupam o desenvolvimento harmonioso da sociedade angolana".

Em algumas zonas da cidade de Malanje e nas imediações da sede municipal do Quéssua viveram-se momentos de incerteza e pânico.

Após a contenção dos ânimos por parte das forças policiais e militares ficou na rua Comandante Dangereux, na estrada nacional 230, a imagem de destruição e dos restos de pedras, metais, paus e outros meios usados para barricadas, como pneus queimados.

A cidadã Rosa Virgílio, residente no bairro Culamuxito, esteve no mercado do Tchauande, no momento em que foram saqueados armazéns de bens alimentares e industriais, diz que "o povo não sabe o que está a fazer, o comportamento não poderia ser esse, aqui não há nada boa coisa. Fugi ".

"Os revoltosos roubaram muitas coisas nos armazéns, havia grupos que estavam a roubar as mercadorias e a vandalizar", diz tristemente a munícipe de Malanje.

As autoridades policiais não confirmaram, nem desmentiram a informação, mas o Novo jornal sabe que dezenas de jovens que efectuavam gravações em telefones foram detidos na cidade de Malanje.