O antigo Presidente da seguradora AAA e actual gestor da AAA Activos, que viu apreendidos bens e congeladas as suas contas, em Angola e na Suíça e depois de apreendidos os edifícios da ex-seguradora AAA, e da rede de hotéis IKA e IU, tendo ainda sido recuperados" 49% das participações sociais da accionista AAA Activos Lda. no Standard Bank Angola SA. foi constituído arguido há duas semanas e começou a ser ouvido sobre os crimes de que é suspeito no passado dia 15.

Hoje, como o Novo Jornal confirmou no local, foi retomada a sua audição, tendo entrado nas instalações da PGR cerca das 09:00, esperando-se que sejam conhecidas em breve as medidas de coacção que lhe serão aplicadas.

A apreensão dos imóveis da AAA Activos, pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos da PGR, foi justificada com a forte suspeita de que estes bens foram adquiridos com verbas pertencentes ao Estado.

Também a sua mulher, Irene Neto, filha do antigo Presidente, Agostinho Neto, viu a PGR congelar as suas contas em Angola e apreender alguns dos seus bens igualmente devido a este processo.

O caso 900 milhões USD

Carlos de São Vicente viu a justiça suíça congelar-lhe uma conta com 900 milhões de dólares norte-americanos por suspeita de se tratar de dinheiro proveniente de operações de branqueamento de capitais.

Segundo o despacho do Ministério Público da Suíça, foram sete as contas congeladas do ex-presidente da seguradora angolana AAA Seguros, Carlos Manuel de São Vicente, mas apenas uma, com 900 milhões USD foi mantida nessa condição.

Carlos de São Vicente é marido de Irene Alexandra da Silva Neto, antiga deputada e filha do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto que também viu as suas contas congeladas em Angola, bem como alguns bens apreendidos devido a este mesmo processo.

As autoridades suíças alegam que entre 2012 e 2019 o empresário transferiu quase 900 milhões de dólares da companhia de seguros para as suas contas, algo que só foi descoberto quando o banco SYZ alertou para uma transferência de 213 milhões de dólares.

"É pouco comum para um presidente executivo e do conselho de administração ter em sua posse fundos pertencentes a uma companhia, ainda para mais uma seguradora regulada pelo Estado, apesar de ter, neste caso, poder de representação individual da companhia", lê-se na acusação divulgada pelo consórcio de jornalistas.