A directora do departamento de Saúde Pública da OMS, Maria Neira, considerou que a evolução é positiva, mas tem que ser olhada "com prudência".

O caminho, defendeu, é "continuar com as medidas [para travar os contágios], que são muitas, e aplicá-las de forma estratégica e inteligente".

"Vemos que a curva está a começar a baixar, o que acontece pela sexta semana. Quanto à mortalidade, também se vê que começa a baixar, embora tenha começado três semanas depois da redução de casos", indicou durante um congresso sobre segurança alimentar.

O próximo passo será "ver se se pode acelerar a vacinação e se as novas vacinas permitem vacinar em grande escala", destacou, ressalvando que é preciso analisar quais são os problemas estruturais a resolver para preparar a reacção a uma próxima pandemia.

A responsável da OMS defendeu que será preciso descobrir o que falhou para "não repetir os mesmos erros" e apontou a colaboração internacional como um dos aspectos a melhorar.

"Temos que reflectir sobre a nossa vulnerabilidade como sociedade. Acabámos de chegar a Marte mas, ao mesmo tempo, temos pés de barro em questões como o contágio por um vírus", declarou.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.466.453 mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Desde o início da pandemia Angola notificou 20.548 casos, dos quais 499 óbitos, correspondentes a uma taxa de letalidade de 2,4%.

Outras 19.190 pessoas recuperaram e 859 estão em fase activa da doença, das quais três em estado crítico e 10 em estado grave.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

China acelera exportação de vacinas para os países em desenvolvimento

A China espera aumentar a produção das suas vacinas para 2.000 milhões de doses, este ano, e 4.000 milhões, até 2022, um plano ambicioso que visa converter o país no maior fornecedor das nações em desenvolvimento.

Citado pela imprensa local, o presidente da Associação da Indústria das Vacinas da China, Feng Duojia, estimou que os 4.000 milhões de doses vão cobrir até 40% da procura global.

A China já distribuiu doses das suas vacinas em 22 países em desenvolvimento e prestou assistência a 53, número que continuará a crescer, à medida que Pequim fechar mais acordos com países africanos, segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O laboratório estatal Sinopharm já distribuiu 43 milhões de doses da sua vacina, entre as quais 34 milhões foram administradas no país asiático, cuja campanha de vacinação está reduzida, por enquanto, a inocular grupos considerados de alto risco de infecção, segundo a cadeia de televisão CCTV.

As vacinas desenvolvidas pela Sinopharm e também pelas chinesas Sinovac e CanSino estão a ser utilizadas já em África, Sudeste Asiático e América Latina, enquanto na Europa só chegaram à Sérvia e à Hungria.

A capacidade de produção da China e a rapidez na distribuição das vacinas têm seduzido a América Latina, onde mais de uma dezena de países já receberam ou aguardam as primeiras doses.

Mais de 190.000 doses da vacina Sinovac chegam ao Uruguai esta semana, e mais de um milhão e meio vão estar disponíveis, a partir de 15 de março, informou hoje o Presidente do país sul-americano, Luis Lacalle Pou.

No México, já estão disponíveis 200.000 vacinas daquela empresa, que vão ser aplicadas, na sua totalidade, no município de Ecatepec. A República Dominicana vai receber 768 mil doses.

A Colômbia acabou de receber um segundo lote, de 192 mil doses, da Sinovac, e a Bolívia aguarda a chegada de meio milhão da Sinopharm, que também acaba de ser autorizado na Argentina.

Países como Brasil ou o Peru também administram vacinas chinesas.

Tratam-se de vacinas "inactivadas", o que significa que carregam uma versão geneticamente alterada do vírus que o impede de se reproduzir e desenvolver a doença, mas que gera uma resposta imunológica no organismo.

A China também entregou 10 milhões de doses das suas vacinas ao mecanismo Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fornecer vacinas anti-Covid aos países em desenvolvimento.

"Cerca de 27 países, a maioria deles em desenvolvimento, mostraram interesse em importar vacinas chinesas. Alguns já receberam remessas. No total, a China está a fornecer ajuda a 53 países em desenvolvimento e continuará a fazê-lo da melhor maneira possível", disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin.

A imprensa oficial chinesa foi mais assertiva: "As vacinas chinesas tornaram-se uma fonte confiável para muitos países no combate à pandemia. A China está a cumprir com a sua palavra de tornar as vacinas um bem público comum e distribuído de forma justa e equitativamente", apontou, em editorial, a agência noticiosa oficial Xinhua.

A campanha chinesa gerou reacções na Europa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, disse na semana passada que a China lançou uma "diplomacia de vacinas", para aumentar a sua influência, especialmente nos países africanos, e alertou que "tirar fotos de vacinas em aeroportos não significa ter uma política de vacinação".

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, destacou que a pandemia se tornou um "momento geopolítico" em que alguns países estão a distribuir doses com objectivos políticos, o que pode ter "enormes consequências para o nosso futuro".