John Nkengasong avisou hoje, em conferência de imprensa, que a evolução da Covid-19 para doença endémica no continente africano, como, de resto, o Novo Jornal já noticiou em 2020, citando vários especialistas, só pode ser evitada se pelo menos 70% da população do continente, que é, no global, de 1,2 mil milhões de pessoas, estiver vacinada antes de 2022 chegar ao fim.

Este responsável vem, mais uma vez, sublinhar que África é, de longe, a região do mundo com a menor taxa de vacinação média, com cerca de 10% de população imunizada com duas doses, quando nos países mais desenvolvidos, como Israel, já se está a avançar para uma 4ª dose, e noutros, como Portugal, a taxa de vacinação já ultrapassa os 90%.

"Se não vacinarmos 70% da população até ao final do ano, vamos ter a Covid-19 na lista das doenças endémicas, como a malária, o HIV/Sida ou a tuberculose", as doenças comummente conhecidas como as maleitas dos pobres.

Outro dos alertas deixados pelo director do CDC-África é que as variantes do Sars CoV-2 não vão parar de surgir enquanto este estiver em circulação, o que só se estanca com a vacinação da maior parte da população, sendo certo e seguro que a seguir à Ómicron outras virão, com origem em África, podendo ser substancialmente mais nocivas.

O ano de 2022 será marcado por três grandes objectivos, que são a expansão dos testes, a propagação da vacinação e o aumento do acesso ao tratamento que está a ser testado pelas companhias farmacêuticas, explicou Nkengasong, lembrando que a prioridade é o aumento das vacinas, agora que as doses estão a chegar de forma consistente ao continente, permitindo que 326 milhões das 547 milhões de doses recebidas já tenham sido administradas.

Angola tem actualmente, segundo o centro de dados da Universidade Johns Hopkins, 12,3% da sua população, de 34 milhões de habitantes, vacinada com as duas doses, sendo os países com a taxa mais alta Marrocos, com 63%, a Tunísia, com 51%, seguindo-se o Botsuana, com 45% e a África do Sul, com 27,3%.

Países como a Nigéria, que é o país mais populoso de África, com 220 milhões, mas com 2% e o Chade, com 0,5% de vacinados, fazem com que o continente tenha uma média muito baixa, abaixo de 10% de taxa média.

A covid-19 provocou 5.456.207 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia.