"Em última instância, Isabel dos Santos vai para a Rússia", atirou o advogado da filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, alvo de processos judiciais em Angola nos quais o Estado pretende obter 5 mil milhões de dólares alegadamente dinheiro do erário público usado ilegalmente pela empresária.
"Não é inteligente da parte do Estado angolano insistir nesse caminho (da perseguição e procura de detenção) porque quase que afirmo com peremptoriedade que nunca vai conseguir prender a engenheira isabel dos santos porque ela também é cidadã russa e em última instância vai para a Rússia", disse Sérgio Raimundo quanto questionado sobre a possibilidade da emissão de um mandado internacional de captura.
Nesta pequena entrevista à SIC, cuja emissão não chega a Luanda por não serem os seus canais de notícias parte da grelhas das operadoras de cabo nacionais, Sérgio Raimundo admitiu que a empresária está disponível para se sentar com os representantes do Estado angolano de forma a perceber qual a culpa que lhe é atribuída e, embora sem explicar o que poderá pretender, admitiu que existe disponibilidade para negociações.
Mas, para isso, advertiu, Isabel dos Santos precisa de ver que provas existem na posse do Estado contra ela, o que pretende o Estado - empresária tem refutado todas as acusações - e só depois é possível sentar e procurar "os melhores caminhos".
O causídico justificou ainda a ausência de Isabel dos Santos em Luanda para responder às notificações emitidas pela PGR, que não terá recebido, com impossibilidades físicas de deslocação, seja porque isso ocorreria pouco depois da morte do seu marido, Síndika Dokolo, seja porque não existem "condições objectivas" para uma justiça imparcial.
"Ninguém, na posse das suas faculdades, se vai meter na jaula do Leão", disse Raimundo, sublinhando a ausência de condições para a prática de uma justiça imparcial.
Recorde-se que as investigações sobre Isabel dos Santos começaram pouco depois de o seu pai ter deixado o poder, em 2017, e ela própria ter sido exonerada do cargo de PCA da Sonangol, ao que se juntou a "bomba" dos Luanda Leaks, um processo que envolveu centenas de milhares de ficheiros disponibilizados pelo hacker Rui Pinto a um consórcio internacional de jornalistas contendo alegadas provas irrefutáveis contra ela.
O Novo Jornal seguiu a par e passo este tumultuoso período e isso pode ser revisitado no final deste texto através dos links disponibilizados aqui.