Apesar de o problema do lixo não ser novo para o CFL, a situação agravou-se nos últimos tempos devido à suspensão de contratos de prestação de serviço que o Governo Provincial de Luanda mantinha com algumas operadoras de limpeza e recolha de resíduos sólidos, que deixaram de recolher o lixo na capital, em finais de Dezembro.

Com a chuva de terça-feira, este problema agudizou-se, porque mais lixo foi espalhado ao longo da via, muito dele estava "escondido" nas valas de drenagem.

Ao Novo Jornal o porta-voz dos do CFL, Augusto Osório, disse que os focos de lixo que se registam ultimamente ao longo da linha férrea, entre Viana e a Boavista, dificultam a circulação de comboios.

Augusto Osório do CFL não descarta a possibilidade de se paralisar por um ou dois dias a circulação dos comboios em Luanda para que se faça a limpeza da via.

"Os acumulados de lixo estão a gerar uma situação insustentável, colocam em risco a segurança da circulação dos comboios", explicou.

Segundo Augusto Osório, o CFL já reuniu com as administrações assim como a polícia destas localidades (Viana/Cazenga/Boavista), mas que até ao momento não há acções práticas que concorram para a resolução do problema do lixo.

"A população tem vindo a depositar o lixo na linha férrea causando dificuldade na circulação dos comboios. A retirada do lixo não é da responsabilidade dos CFL mas sim das administrações locais", afirmou.

De acordo com o porta-voz do CFL, se o Caminho-de-Ferro de Luanda não fizesse limpeza na via já não teríamos nenhum comboio a circular do Bungo até Viana.

"Seria impossível, são enormes as quantidades de lixo, nós utilizamos a nossa força de trabalho que têm sido desviada da sua actividade para recolher o lixo e permitir que as composições circulem", afirmou.

Augusto Osório disse ser necessário tomar medidas urgentes para se reverter o actual quadro, porque a eventual paralisação do troço terá como consequência o aumento do tráfego rodoviário.

Recorde-se que este problema já foi sentido algumas vezes ao longo dos últimos anos, como o Novo Jornal noticiou em Junho de 2018, mas agora o problema surge com mais gravidade devido à suspensão dos trabalhos de recolha de lixo pelas operadoras que o faziam em Luanda.

O Caminho-de-Ferro de Luanda, inaugurado em 1909, tem uma extensão de 460 quilómetros e liga as províncias de Luanda, Kwanza-Norte e Malanje mas tem na ligação entre Luanda e Viana o grosso da sua actividade diária, transportado dezenas de milhares de pessoas entre as duas localidades.