A vítima foi morta de forma fria, membros inferiores esquartejados, em Fevereiro de 2021, mas o crime só foi descoberto um ano depois, após a mulher arquitectar um sequestro do namorado em Fevereiro último, na zona do Grafanil Bar.

Irene de Matos e Silva contradisse-se inúmeras vezes quando interrogada pelo tribunal e disse que foi o parceiro quem mandou matar o irmão por estar muito chateado por ele lhe ter roubado 30 mil dólares e ainda que o namorado a ameaçou de morte caso não assumisse a autoria do crime.

Na instrução do processo, segundo os juízes do julgamento, a mulher assumiu a autoria do homicídio da vítima, Fernando Luanda Francisco.

Conta a acusação do Ministério Público (MP) que os arguidos, Irene de Matos e Silva, de 31 anos e Arnaldo Fernando Macongo Francisco, de 37 (irmão mais velho da vítima), mantiveram uma relação amorosa por cinco anos, e, por motivos desconhecidos, a arguida arquitectou um plano macabro no sentido de se vingar do namorado.

E que, "em dia, mês e ano indeterminados, de forma ardilosa e calculista, a arguida criou um perfil falso no Facebook interagiu com o jovem assassinado, sem que ele se apercebesse que se tratava da arguida".

Foi assim, descreve acusação, que no dia 25 de Fevereiro de 2021, no período da tarde, a arguida agendou um encontro com a vítima, e, para não ser reconhecida por ele, contratou uma jovem apenas identificada por Janice, a quem prometeu pagar a quantia de 100 mil kwanzas.

A jovem atraiu a vítima até à residência do irmão, no Zango 0, no Projecto Vila Pacifica, onde se encontrava na companhia de outro indivíduo, prófugo no processo.

Nessa altura, diz a acusação, Arnaldo Fernando Macongo Francisco, o irmão da vítima, estava longe, em alto-mar, a trabalhar numa petrolífera.

"Já no interior da residência, a citada Janice, previamente orientada pela arguida, serviu uma sopa ao ofendido, sopa esta que havia sido preparada por ela, que continha substâncias entorpecentes (diazepam) ", conta o MP.

Após a ingestão da sopa, a vítima adormeceu e foi nesse momento que a arguida saiu do seu esconderijo, pagou a quantia prometida à jovem contratada, que se retirou do local, continua a acusação.

Acto contínuo, prosseguiu o MP, "a arguida chamou o seu comparsa, prófugo no processo, que levou a vítima desacordada até um dos quartos".

"No interior do quarto, algemou os seus membros superiores, vendou-lhe o rosto, cobriu-lhe as vias respiratórias com fita-cola, e, com a ajuda de um instrumento cortante, não apreendido nos autos, e amputou os seus membros inferiores", prosseguiu a acusação, enquanto a arguida se dirigiu a um ATM localizado no interior da Cidade da China, e efectuou uma transferência bancária a favor do seu comparsa.

De regresso ao apartamento, a arguida forneceu ao seu comparsa um reservatório de 200 litros, onde colocaram o corpo da vítima, que permaneceu no interior daquele apartamento durante 48 horas, antes de o transportarem e abandonarem na via pública, no Km 30.

Após o desaparecimento físico do cunhado, a arguida partilhou comentários sobre os motivos da sua morte numa plataforma denominada "Wasphakhalece wee she Maneso", e enviou diversas mensagens ameaçadoras a um dos declarantes no processo.

Seis meses após a morte do irmão mais novo, o arguido Arnaldo Francisco terminou a relação amorosa com a arguida, e solicitou que esta abandonasse o seu apartamento, facto que gerou desavenças entre ambos e sentimentos de vingança por parte da arguida.

Foi assim que, em Fevereiro último, a mulher arquitectou um sequestro do namorado, na zona do Grafanil Bar, que desencadeou por parte do Serviço de Investigação Criminal (SIC) investigações que culminaram na descoberta do crime.

Segundo o MP, a vítima faleceu na sequência de asfixia mecânica resultante de oclusão dos orifícios respiratórios que provocaram sufocação, a amputação das pernas foi feita depois da morte.