Os taxistas ligados às associações, ANATA, ATA, ATL, todas em Luanda, cruzaram os braços esta segunda-feira, 10, para exigirem das autoridades respeito na via pública e acesso dos "azul-branco" a algumas artérias da cidade capital que lhes estão proibidas actualmente.

Em função desta paralisação, milhares de cidadãos, na cidade de Luanda, caminham a pé para os seus locais de trabalho como constatou o Novo Jornal esta manhã em algumas zonas da capital.

No Cazenga, na conhecida paragem dos congolenses, na Avenida Hoji ya Henda, milhares de cidadãos viram-se impedidos de viajar porque os "lotadores", os indivíduos que facilitam a entrada nos veículos, não permitem que taxistas não filiados as associações como a ANATA, ATA e ATL de utilizarem esses locais.

"Fui impedido de trabalhar e quase partiram os vidros do meu carro", disse ao Novo Jornal o taxista Manuel Pimentel.

Cenário idêntico verifica-se um pouco por todas as zonas da cidade, como são os casos das paragens do Calemba 2, Viava, Cacuaco e São Paulo.

Em declarações à imprensa, esta manhã, o presidente da Associação dos Taxistas de Angola (ATA), afirmou que esta paralisação é pelo facto de existirem incumprimentos da petição colocada nos órgãos do Estado.

Para este líder associativista, os taxistas querem acções concretas do Executivo e não promessas.

Segundo Rafael Inácio, dos sete pontos que as organizações dos "azuis e brancos" pretendem ver resolvidos, apenas um ponto foi considerado.

As associações queixam -se também de discriminação na fiscalização do Decreto Presidencial sobre o estado de calamidade pública, excesso de zelo dos agentes da Polícia, exclusão dos taxistas nas políticas públicas do Estado, a não materialização da profissionalização da actividade e da proibição de acesso dos táxis em algumas artérias da província de Luanda.

Em declarações à Rádio Luanda, esta manhã, o vice-governador de Luanda, Lino Quienda, disse que o Estado está decepcionado com a atitude das associações dos taxistas.

"Os parceiros não se traem. Parte dos problemas são atendidos paulatinamente e o GPL não tem como atender todos os pontos de uma só vez, infelizmente não concordamos com essa postura", disse o vice-governador.

Conforme o governante, alguns taxistas estão a colocar barricadas e a impedirem os não filiados de trabalhar.

Para Lino Quienda, o Estado não vai permitir que arruaça e impedimentos aos que pretendem trabalhar ocorram.

Um dos efeitos mais nocivos desta greve para a vida das pessoas são as longas caminhadas a que estão obrigadas se não quiserem pagar valores exorbitantes para, por exemplo, se deslocarem entre a vila de Viana e a FTU, em Luanda, de moto-táxi.

Nesta situação estão milhares que não conseguem dispor de 1.500 kwanzas para pagar esse trajecto de koto-táxi, ou 2.000 se for até aos Congolenses.

Isto, porque, mesmo que muitos táxis (candongueiros) não tenham aderido à greve, os grevistas, organizados em piquetes, estão, por vezes com violência, a obrigar os veículos a passar com passageiros a descarregar.