E se esse "direito" for exercido sobre os campos petrolíferos iranianos, como muitos analistas admitem, então o termómetro pelo qual se mede hoje a temperatura dos mercados internacionais, deixa de ter escala para definir o grau de risco para a economia mundial.

O Irão é um dos maiores produtores de crude do mundo, com perto de 3 milhões de barris por dia em 2023, sendo já assumido por todos que hoje a sua produção, quase toda redireccionada para a China e outros países asiáticos, devido às sanções ocidentais.

O Gabinete de guerra israelita tem reunido repetidamente nas últimas 72 horas para definir a forma de resposta ao ataque iraniano, que no Sábado enviou mais de 350 misseis e drones sobre território israelita, e há dois alvos que podem ser escolhidos: a infra-estrutura petrolífera e as unidades do programa nuclear iraniano. Ou ambas.

Provavelmente, a demora na definição da resposta resulta da pressão dos Estados Unidos para que os campos de crude iranianos fiquem fora do mapa da vingança israelita.

Isto, porque o aumento substantivo do valor do barril nas últimas semanas é um forte ataque às possibilidades eleitorais do Presidente Joe Biden nas eleições de 05 de Novembro, onde vai defrontar o ex-Presidente Donald Trump devido aos efeitos do sobe e desce da matéria-prima na economia norte-americana.

Todavia, há um efeito que já não pode ser evitado, que é a tensão gerada pela expectativa da resposta israelita, que já se sabe, até porque isso foi prometido pelo líder supremo iraniano, o aiatola Ali Khamenei, que vai exercer o "direito de resposta" segundos após o desencadear da operação israelita contra Teerão.

Não sendo o cenário mais provável, um ataque à infra-estrutura petrolífera iraniana é uma saliente possibilidade e, nesse caso, nada poderá conter o barril pelo menos até que este chegue aos 100 USD.

Isso, mesmo que esta quarta-feira, 17, o barril de Brent, pelo contrário, esteja a perder ligeiramente, descendo mesmo abaixo da fasquia dos 90 dólares perto das 12:00, hora de Luanda, para os 89,23 USD, menos 0,88% que no fecho da sessão de terça-feira.

Para já, e quando o barril está na fase descendente da montanha-russa, em cima da mesa dos analistas, militares e nos mercados petrolíferos, é se esta sucessão de ataque e resposta pode e vai ser travada a tempo antes de entrar numa fase de descontrolo, com os dois lados da barricada a usarem as suas capacidades máximas de infligir danos ao inimigo.

E. nesse caso, na economia mundial não ficaria pedra sobre pedra, porque uma das acções imediatas, como já foi assegurado pela Guarda Revolucionária do Irão, será fechar o Estreito de Ormuz que dá acesso ao Golfo Pérsico, por onde passa 25% de todo o crude consumido diariamente no mundo, além de 1/3 do gás natural.

Ao que se juntaria o fecho pelos rebeldes Houthis do acesso no Mar Vermelho ao Canal do Suez, atravessado diariamente por quase 15% das trocas comeciais mundiais e 12% do petróleo que chega aos mercados internacionais.

Vai Israel ceder às pressões ocidentais, para agir de forma a não escalar as já escaldantes tensões? A Resposta a esta questão vale mais que o orgulho nacional em Teerão e Telavive, vale um bilhete apenas de ida do mundo para uma das suas mais temidas crises...