João Lourenço, depois de fazer uma visita guiada a este centro de hemodiálise, cujo investimento não adiantou, explicou aos jornalistas, em breves declarações no final do "tour", que se trata de uma unidade que responde aos seus futuros pacientes com qualidade igual aos melhores centros que existem em todo o mundo.

"É um centro de alta qualidade que tem como objectivo responder o melhor possível aos pacientes que o vão frequentar", disse João Lourenço, sublinhando ao mesmo tempo que esta nova unidade é um exemplo para o esforço que está a ser feito no sector da saúde pelo seu Governo, especialmente nos últimos dois anos.

O Presidente sublinhou, nestas declarações transmitdas em directo pelas TV"s, que, no passado recente, não existia a mesma capacidade de resposta e atendimento aos doentes hemodialisados em Angola, aproveitando para dizer que o seu Governo tem como meta criar uma unidade semelhante à que hoje foi inaugurada em todas as 18 províncias.

Esse objectivo é uma aprioridade porque, adiantou o Chefe de Estado, não faz sentido que uma pessoa que precise de tratamento de hemodiálise tenha de alterar toda a sua vida, "muitas vezes mesmo mudar de província, com a sua família", porque não dispõe deste tipo de resposta onde vive.

"Essa é a nossa política", disse, referindo-se à criação de mais capacidade de resposta em todo o sector da saúde, apontando que "está a ser executada de forma segura", embora admita que nalgumas áreas de forma mais lenta que o ideal.

Questionado sobre o que o Orçamento Geral do Estado 2021 dedica ao sector social, saúde e educação em especial, e respondendo às críticas, João Lourenço disse que, "mesmo que não seja o ideal ainda, está a ser feito muito", dando o exemplo da resposta que o País deu no âmbito da pandemia da Covcid-19, que, apesar de não ter verbas previstas, encontrou soluções para construir os diversos centros de atendimento considerados necessários para responder às exigências da pandemia.

Sobre os custos envolvidos na construção do Centro de Hemodiálise "Sol", em Benfica, município de Talatona, Luanda, o Presidente da República admitiu não estar na posse desses dados números, mas avançou que o Ministério da Saúde os vai divulgar em breve.

O Centro de Hemodiálise Sol, que é a 13ª unidade do género no País, vai funcionar, segundo revela o Governo no seu portal oficial, com uma equipa composta por 65 técnicos de enfermagem, 15 enfermeiros licenciados, quatro médicos nefrologistas e 11 residentes, igual número de vigilantes, cinco psicólogos e o mesmo número de secretários clínicos, um assistente social, três nutricionistas e dois gestores administrativos.

Conta com 70 cadeiras de tratamento onde, em três turnos diários, os pacientes se sentam por quatro horas, três vezes por semana, contando ainda com um refeitório que o Presidente João Lourenço avançou que vai fornecer alimentação de forma gratuita aos doentes em tratamento.

Em Angola, de acordo com os dados oficiais, existem perto de 1600 hemodialisados, embora os técnicos admitam que este número está muito aquém da realidade e que devem existir milhares de doentes e dificuldades sérias por falta de condições para se tratarem, o que que poderá ser minimizado quando o País contar com um centro, pelo menos, em cada capital provincial.

Tratando-se de uma doença que avança de forma quase "invisível", a insuficiência renal crónica começa por gerar pouca quantidade de urina, náuseas, tonturas e falta de apetite, o que leva a que, quando é detectada, por norma, já está numa fase avançada e crónica e irreversível que só se resolve através de um transplante do órgão.

Até que essa fase seja realidade, a insuficiência renal pode ter tratamento e os rins voltarem a ser funcionais.

Devido à falta de centros nalgumas províncias, uma grande parte dos doentes do Uíge, Malanje, Bengo, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Lunda Norte e Lunda Sul, deslocam-se amiúde a Luanda para tratamento.

Províncias como o Moxico, Huíla e Benguela já contam com unidades de tratamento.