"Mostrem a vossa adesão à minha nomeação dando um sinal forte de deposição das armas", disse, dirigindo-se às milícias cristãs denominadas "anti-balaka", antes de pedir aos rebeldes ex-Séléka para deporem as armas para "acabar com o sofrimento das populações".
Catherine Samba-Panza falava perante os deputados, depois de ter sido eleita à segunda volta presidente interina da RCA, que entrou numa espiral de violência intercomunitária e inter-religiosa desde o golpe de Estado de Março de 2013.
Realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na minoria muçulmana e dirigida por Michel Djotodia, o golpe afastou do poder o Presidente François Bozizé.
Djotodia tornou-se o primeiro Presidente muçulmano do país, com 4,5 milhões de habitantes e maioritariamente cristão, mas demitiu-se no passado dia 10 por pressão internacional por não conseguir travar os confrontos entre cristãos e muçulmanos.
Catherine Samba-Panza, que na primeira volta tinha ficado a um voto da maioria absoluta de 65 votos, conseguiu 75 na segunda volta, ultrapassando o outro candidato, Désiré Kokingba, filho de um ex-chefe de Estado, que obteve 53 votos, segundo os resultados lidos em sessão pública.
A leitura dos resultados foi seguida de aplausos da assistência, que cantou o hino nacional centro-africano, constataram jornalistas da agência France Presse.
"A partir de hoje, sou a presidente de todos os centro-africanos", declarou a primeira mulher na história da República Centro Africana a aceder a este cargo.
Nascida a 26 de Junho de 1954 e presidente da Câmara de Bangui desde 2011, a nova presidente é descrita como uma lutadora e tem uma longa experiência política.
"A prioridade das prioridades é acabar com o sofrimento das populações, restaurar a segurança e a autoridade do Estado em todo o território", adiantou.
Samba-Panza pode contar com a ajuda de uma missão militar da União Europeia (UE), aprovada hoje pelos ministros dos Negócios Estrangeiros europeus para dar apoio às forças africana e francesa no terreno. Também os países doadores se comprometeram hoje a desbloquear perto de 500 milhões de dólares para a RCA em 2004, indicaram a UE e a ONU.
Apesar das promessas de ajuda, a nova presidente não terá uma tarefa fácil e dispõe de pouco tempo. De acordo com o calendário da transição, devem ser organizadas eleições gerais o mais tardar no primeiro semestre de 2015.
Lusa / NJ