O escritor angolano Boaventura Cardoso é o grande vencedor do IV Prémio De Literatura dstangola/Camões, com a obra "Margens e Travessias", publicada em 2021. Ao escriba, o concurso, uma promoção da empresa portuguesa dstgroup, em parceria com o Instituto Camões, entrega, em Outubro, 15 mil euros, cerca de 6,3 milhões de kwanzas.
De acordo com a organização, as várias obras a concurso foram analisadas por um júri de referência constituído pela professora Irene Guerra Marques (presidente), o professor Manuel Muanza e o jornalista Carlos Ferreira, ao qual coube a análise, escolha e fundamentação da obra premiada.
"A atribuição do prémio ao autor Boaventura Cardoso, fundamenta-se essencialmente no facto de se tratar de uma obra que reflete, melhor do que nunca, um escritor que nos habituou, ao longo dos anos, a um trabalho exaustivo que balança constantemente entre uma criatividade muito rica, mas também muito disciplinada", destacou o júri do prémio.
Na avaliação de Irene Guerra Marques, Manuel Muanza e Carlos Ferreira, entre o imaginário, o realista, o religioso, o musical (o refrão que percorre uma das principais figuras do seu romance, da sua vida!), "Boaventura Cardoso recorre aos mesmos métodos que fizeram dele um dos melhores prosadores da História da Literatura Angolana: uma disciplina férrea, um profundo conhecimento da realidade, uma observação lúcida e inteligente de tudo quanto se vai passando à sua (à nossa...) volta e constrói um romance que se constitui fundamental para quem queira conhecer a Angola do último meio-século".
O Prémio de Literatura dstangola/Camões, que distingue livros editados em poesia e prosa, de artistas nascidos em Angola, já distinguiu autores como Zetho Cunha Gonçalves, em 2019, Pepetela, em 2020 e Benjamim M"Bakassy, no ano passado.
Boaventura Cardoso, licenciado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade de São Tomaz de Aquino- "Angelicum", de Roma, é membro fundador da União dos Escritores Angolanos e autor dos livros de contos "Dizanga dya Muenhu (1977), "O Fogo da Fala" (1980) e "A Morte do Velho Kipacaça" (1987), dos romances "O Signo do Fogo" (1992), " Maio, Mês de Maria" (1997), "Mãe, Materno Mar" a que foi atribuído o Prémio Nacional de Cultura e Artes (2001), na disciplina de Literatura, e dos romances "Noites de Vigília" (2012) e "Margens e Travessias" (2021). É membro honorário da Academia Palmense de Letras (Estado brasileiro de Tocatins) e ostenta a Ordem do Mérito Cultural na classe COMENDADOR, concedido pelo Presidente da República Federativa do Brasil, em 2006. Está dicionarizado no "Novo Aurélio", de Aurélio Buarque de Holanda.
Foi, de 2016 a 2020, o primeiro presidente da Academia Angolana de Letras de que é membro-fundador. Actualmente, é deputado à Assembleia Nacional pelo partido MPLA.