Mas o saldo continua positivo, registando mesmo, segundo uma nota divulgada pelo Banco Nacional de Angola (BNA) no seu site, um superavit de 4,5 por cento do Produto Interno Bruto, o que corresponde a mais de 4,2 mil milhões USD.
Porém, longe de permitir festejos, estes dados revelam que o sector petrolífero nacional não atravessa a sua melhor fase, porque a redução líquida dos resultados é na ordem dos 64%, e isso está directamente ligado, ainda segundo o BNA, à redução dos preços do barril nos mercados.
Embora o BNA refira apenas a questão da queda de cerca de 20% no valor do barril em 2023 para obter este valor, para ele contribuiu igualmente a diluição da produção nacional, que ao longo do ano passado foi, em média, de 1.098 milhões de barris por dia (mbpd), segundo a ANPG, o que compara com 1,15 mbpd no ano anterior.
Essa redução na produção é resultado directo do envelhecimento dos poços, da falta de investimento na pesquisa, especialmente desde 2014, e o tirar do pé do acelerador do investimento pelas majors a operar no offshore angolano, com destaque para a manutenção de equipamentos e saída de quadros do país.
"A diminuição das exportações de bens, sobretudo de petróleo bruto, decorrente da queda do preço das ramas angolanas em 20,2%, contribuiu para o desempenho desfavorável da conta corrente, não obstante se tenha observado uma diminuição das importações de bens e serviços (17,1%) e do défice dos rendimentos primários (1,2%) e secundários (55,8%)", avança o BNA.
Nesta mesma nota, o Banco Central sublinha um recuo significativo no défice da conta capital e financeira, que, da soma com a conta corrente, dá o resultado da balança de pagamentos, que é o todo do deve e haver do Estado, de pouco mais de 7,8 mil milhões USD para ligeiramente menos de 4 mil milhões USD, ou seja "um desagravamento de 49%".
Esta melhoria em 2023 é justificada em grande medida "pelo comportamento dos capitais de médio e longo prazo e fluxos do investimento directo estrangeiro", nota o BNA.
"A posição líquida do investimento internacional registou, no ano de 2023, um desagravamento do seu défice em 1 238,9 milhões USD, como resultado da redução dos passivos com não residentes, não obstante a redução dos activos", adianta.
Nesta mesma publicação, o Banco Central informa que as reservas internacionais eram, no fim de 2023, de 14, 733 mil milhões USD (14 660 milhões em 2022), o que corresponde a oito meses de importações, o que está dentro dos parâmetros internacionalmente reconhecidos como bastante razoáveis.