Vera Daves defende, por isso, racionalização dos recursos, eliminação de redundâncias, foco nos objectivos, e privatizar sempre que essa seja a forma mais eficaz de garantir investimento, pois o dinheiro que sai dos cofres do Estado para subsidiar empresas enquanto outras superam adversidades podia ser usado para saúde ou educação.

A ministra das Finanças prestou estas declarações esta quarta-feira, no final do Encontro Anual do Sector Empresarial Público (SEP), onde foram apresentados os dados globais das cerca de 80 empresas.

"Em muitas fases da nossa história, o Estado assumiu-se como o principal provedor de bens e serviços, solução necessária, mas que gerou ineficiências, acomodações e dependências, que hoje lutam com a economia e comprometem a qualidade dos serviços públicos", afirmou Vera Daves, considerando a sustentabilidade financeira e a racionalização "um desígnio nacional".

Segundo a ministra, os dados apresentados revelam que as empresas "com inovação e disciplina" superaram adversidades e alcançaram resultados dignos, enquanto outras continuam dependentes de capitalização e subsídios do Estado, consumindo recursos que deveriam ser canalizados para a educação e a saúde.

"Essa dependência crónica não é sustentável. Não pode ser aceite. A reforma do sector empresarial público é, por isso, inadiável. Não se trata de um exercício burocrático ou de uma onda passageira", afirmou.

As empresas do universo empresarial do Estado registaram, em 2024, um volume de negócios de 12,8 mil milhões de kwanzas, mais 15,9% face a 2023, enquanto o resultado líquido caiu 13%, para 788,4 mil milhões de kwanzas.

Vera Daves defende que cada empresa sob tutela do Estado "tenha um propósito claro, um modelo de negócio eficiente e uma gestão responsável" para "assegurar que os esforços de todos os angolanos, expressos nos impostos que pagam, se convertam em empresas sólidas, capazes de gerar valor e inovação em benefício da sociedade.

A ministra destacou que "a reforma exige coragem, disciplina de execução e compromisso épico com resultados concretos", garantindo que o Ministério das Finanças vai continuar a liderar o processo com vigor e transparência.

Apelou ainda a que no próximo encontro empresarial se possam apresentar "não apenas diagnósticos, mas mais evidências de mudança", celebrando "menos dependência orçamental, mais eficiência, mais inovação".