Elaborado pela consultora sul-africana New World Wealth, este relatório contabiliza as fortunas do nosso continente que totalizem no mínimo um milhão de dólares e estejam sediadas em Estados com pelo menos 2.000 pessoas nessa situação.

As contas atribuem a Angola um aumento de 482% no número de abonados nos últimos 13 anos, valor que no mesmo período, desce para os 400% no caso ganês, e vai até aos 313% na Nigéria. Os resultados dos três países tornam-se ainda mais expressivos, quando comparados com os dados globais: O crescimento da fatia dos mais ricos em África foi de 150% entre 2000 e 2013, percentagem que cai para menos de metade no resto do mundo.

O relatório revela ainda que o nosso continente tem 165 mil pessoas com um património de pelo menos 1 milhão de dólares, montante que não inclui o valor da residência principal. De acordo com a New World Wealth, esse grupo de 165 mil abastados representa uma fortuna aproximada de 660 mil milhões de dólares - dos quais 120 mil milhões são controlados por empresas de gestão de fortunas.

Os cálculos indicam ainda que os "sul-africanos são os mais ricos do continente, com um rendimento per capita de 11.310 dólares, enquanto os etíopes são os mais pobres, com um rendimento per capita de 260 dólares".

A liderança da África do Sul reflecte-se também no domínio das instituições financeiras: Os bancos do país gerem 50 mil milhões de dólares desse pacote de 660 mil milhões. Os sul-africanos distinguem- se ainda pela preferência pelas suas instituições, contrariando a tendência regional de canalizar a riqueza para o exterior, nomeadamente Reino Unido e Suíça.

Além de apresentar o diagnóstico dos últimos 13 anos, o Africa Wealth Report antecipa projecções para a próxima década. Nesta antevisão, Moçambique desponta como o país com maior potencial de alargamento da população de ricos (+133%) em 2023, seguido de perto pela Zâmbia (+122%) e pela Costa do Marfim (+118%).

No sentido inverso, a Nigéria e a África do Sul deverão sofrer um abrandamento nesses valores, ficando- se por taxas de crescimento de 40% e 35%, respectivamente. Para os analistas, essa quebra vai reflectir o impacto de conflitos religiosos, o aumento de impostos e turbulências políticas e laborais.