Mas não é tudo, também os rumores sobre um possível acelerar das negociações entre os EUA e o Irão sobre o programa nuclear do país do Golfo e da OPEP+, que começa a ter problemas internos com alguns dos seus membros insatisfeitos com a política de cortes do "cartel".
Além disso, a OPEP+, que junta a OPEP a alguns desalinhados, principalmente a Rússia, um dos três gigantes do sector, a par de sauditas e norte-americanos, iniciou em Abril um processo de retoma da produção, que já ia em 6 mbpd, e em Maio deve aumentar esse volume.
Aos 138 mil bpd no início de Abril, acrescentar-se-ão mais 411 mil bpd no começo de Maio, o que não é muito relevante nos 6 milhões tirados artificialmente dos mercados nos últimos anos, mas é-o quando se considera o momento, e ainda mais se se confirmarem os rumores de em Junho o aumento pode ser ainda mais substancial.
Momento marcado pela instabilidade nas economias norte-americana e chinesa, devido às tarifas de Donald Trump, e à emergência de novos conflitos, como na fronteira indo-paquistanesa ou um eventual alívio na guerra na Ucrânia que pode levar a uma redução da pressão sancionatória sobre a energia russa ou ainda as previsões negativas do FMI para a economia planetária..
E é neste complexo caldo global que o barril de Brent se prepara para concluir a semana, claramente assoberbada em conflitualidades geopolíticas, no vermelho, como o atesta os actuais, nesta sexta-feira, 25, perto das 12:00, hora de Luanda, 65,8 USD, em comparação com os quase 69 USD da passada terça-feira, 23.
Como Luanda olha para este cenário global?
O actual cenário internacional, que não era tão dramático há anos, desde a pandemia da Covid 19, tende a manter os preços ainda longe do valor estimado no OGE 2025, que é de 70 USD.
Essa a razão pela qual Angola é um dos países mais atentos a estas oscilações, devido à sua conhecida dependência das receitas petrolíferas, e a importância que estas têm para lidar com a grave crise económica que atravessa, especialmente nas dimensões inflacionista e cambial, onde o esperado superavit (preço acima dos 70 USD) poderia ser importante para contrariar.
Isto, porque o crude ainda responde por cerca de 90% das exportações angolanas, 35% do PIB nacional e 60% das receitas fiscais do país, o que faz deste sector não apenas importante mas estratégico para o Executivo, que pode ser obrigado em breve a avançar para uma revisão do OGE.
O Governo deposita esperança, no curto e médio prazo, de conseguir o objectivo de aumentar a produção nacional, actualmente perto dos de 1,1 mbpd, gerando mais receita no sector de forma a, como, por exemplo, está a ser feito há anos em países como a Arábia Saudita ou os EAU, usar o dinheiro do petróleo para libertar a economia nacional da dependência do... petróleo.
O aumento da produção nacional não está a ser travada por falta de potencial, porque as reservas estimadas são de nove mil milhões de barris e já foi superior a 1,8 mbpd há pouco mais de uma década, o problema é claramente o desinvestimento das majors a operar no país.
Aliás, o Governo de João Lourenço tem ainda como motivo de preocupação uma continuada e prevista redução da produção de petróleo, que se estima que seja na ordem dos 20% na próxima década, estando actualmente pouco acima dos 1,1 milhões de barris por dia (mbpd), muito longe do seu máximo histórico de 1,8 mbpd em 2008.
Por detrás desta quebra, entre outros factores, o desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair e as multinacionais não estão a demonstrar o interesse das últimas décadas em apostar no país.
A questão da urgente transição energética, devido às alterações climáticas, com os combustíveis fosseis a serem os maus da fita, é outro factor que está a esfumar a importância do sector petrolífero em Angola.