O AfCFTA (sigla em inglês), que já foi firmado pelo países membros em 2018, entrou em vigor no dia 01 de Janeiro e promete ser uma zona gigantesca de livre comércio, embora existam ainda passos fundamentais a dar em muitos dos Estados que o integram, especialmente nos diferentes patamares de integração, tendo já sido ratificado por 31 países embora em apenas 16 já esteja de fronteiras abertas e sem restrições fora dos leque das excepções previstas.

Este bloco económico, que, recorde-se, tem quase o dobro do da União Europeia em número de países e mais que duplica o número de habitantes, somando um produto interno bruto (PIB) que vai ser de 3,4 trilhões (doze zeros) de dólares e visa acelerar o desenvolvimento do continente, a sua industrialização, derrubar os muros da pobreza, permitir acelerar a construção de infra-estruturas pan-africanas etc, tudo a partir da paulatina diluição das muralhas alfandegárias que, em muitos países, são mais altas para os vizinhos que para os países externos ao continente.

Apesar de todo o potencial existente no continente, a realidade faz de África um gigante com pés de barro porque o volume do comércio existente entre os 55 países que compõem esta geografia é dos mais baixos do mundo, ficando mesmo abaixo dos 18%, sendo mais de 80% feito com países terceiros, denotando uma tremenda falta de entrosamento e pensamento estratégico organizado, como reconhecem as próprias lideranças africanas.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, é o líder da União Africana e coube-lhe dar o tiro de partido para este ambicioso projecto, embora seja uma das vozes que mais tem salientado nos últimos anos a escassa demonstração de vontade em avançar com este projecto que pode transformar África num gigante económico com força para se desenvolver ao mesmo tempo que dilui a dependência do exterior.

Nos próximos meses, ou mesmo ano, os membros deste novo bloco económico terão pela frente a exigente tarefa de destruir a estrutura existente de normas e imposições nacionais, como a questão das quotas, bem como a definição de excepções.

Alguns economistas têm alertado para o facto de os países com menos indústria vão ser os mais prejudicados porque terão dificuldade em criar equilíbrios devido à inexistência de bens exportáveis e uma grande necessidade de importação, estando Angola, ainda, neste grupo, embora a aposta na agricultura possa inverter este quadro em pouco tempo.