O Presidente da Venezuela já habituou o mundo a cenas caricatas e este Domingo voltou a "brilhar" quando, num comício para falar da ameaça de guerra dos EUA, começou a cantar "Imagine", uma das mais conhecidas músicas sobre paz do ex-Beatle, John Lenon.

Enquanto entoava "Imagine all the people Livin' life in peace", um claro convite a Donald Trump para a paz, no horizonte, uma poderosa armada, liderada pelo porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo, apontava os canhões ao regime de Caracas.

Depois de semanas de crescente tensão (ver links em baixo), com a Casa Branca e o próprio Presidente a admitirem, repetidamente, a iminência de um ataque contra o regime de Maduro, parece que Trump ouviu o seu homólogo venezuelano a cantar... e gostou.

É que Maduro cantou "I hope someday you'll join us, And the world will be as one" e, já a bordo do Air Force 1, a caminho de Washington, Trump disse que estava a pensar melhor sobre o que vai decidir e que está disponível para falar com o Presidente da Venezuela.

E mais. Donald Trump, perante a insistência dos jornalistas, mostrou-se à altura dos dotes artísticos de Nicolás Maduro, e entoou um hino à paz, garantindo que fala "com todos", que não tem problemas para "falar com Maduro" e que "há alternativas" a um ataque a Caracas.

É que, afinal, em Washington já se admite que o combate ao narcotráfico tem sido eficaz no ponto de saída que é a Venezuela, mesmo que as autoridades venezuelanas neguem que esse trânsito de drogas exista a partir das suas costas, no que é corroborado pelas organizações internacionais.

O que Maduro quer dizer a Trump e Trump parece agora concordar é que "It's easy if you try" porque "No hell below us" e que "Above us, only sky" e "Nothing to kill or die for", o que, se for lido à letra, só resta à poderosa armada norte-americana estacionada no Mar das Caraíbas levantar ferros e zarpar de volta a casa.

Mas os analistas advertem que é melhor Maduro não ir em cantigas com Trump, porque o desfecho deste conflito no horizonte pode depender de vários factores, sendo que o primeiro é se, mais uma vez, como sucedeu com o Irão, não se tratará de mais umas "manobras na Casa Branca".

É que, quando os EUA atacaram as instalações nucleares do Irão, a 22 de Junho último (ver links em baixo), com os poderosos bombardeiros B-2, sem aviso prévio, mesmo que a possibilidades estivesse em análise em vários media, Trump também tinha acabado de referir que os EUA estavam em negociações com Teerão e estava prevista numa ronda negocial para as 48 horas seguintes ao bombardeamento.

Seja um ou outro desfecho, certo é que o Presidente norte-americano insistiu que está disponível para falar com Nicolás Maduro para reduzir tensões, aludindo mesmo a novos capítulos negociais além do tráfico de drogas, como a saída de milhares de venezuelanas para os Estados Unidos, nomeadamente criminosos que são libertados das cadeias.

"Talvez tenhamos conversações com Maduro e daí veremos como as coisas correm", disse Donald Trump, acrescentando que a Casa Branca tem recebido notificações de Caracas que "eles querem conversar".

Porém, como é sue costume, deu uma no caro e outra na ferradura, lembrando que os EUA declararam oficialmente o cartel "Los Soles" como entidade terrorista e que "isso dá conteúdo legal a um ataque em solo venezuelano", acrescentando que "isso não está decidido".

Recorde-se que nas últimas semanas os navios de guerra presentes na costa venezuelana, em águas internacionais, atacaram dezenas de pequenas embarcações, que Washington diz serem lanchas de narcotráfico e que Caracas garante serem pescadores, sendo que o único facto indesmentível é que foram mortas mais de 70 pessoas nestes ataques.

Outra razão para Maduro não ir em cantigas é que, nos EUA existe um hábito antigo de guerras e conflitos serem usados para distrair atenções de escândalos internos envolvendo o Presidente.

Sendo um dos mais conhecidos o escândalo que envolveu o Presidente Bill Clinton, com a sua estagiária, Mónica Lewinsky, na Sala Oval, na década de 1990, que resultou no bombardeamento de alegados terroristas no Sudão que mais tarde se veio a provar ser uma legítima unidade de produção de medicamentos.

E actualmente, Donald Trump (ver links em baixo) está igualmente a passar por um mau período, não apenas devido ao "Caso Epstein", como também na economia a degradar-se dia após dia, com inflação galopante e desemprego crescente...