Sendo a República Democrática do Congo (RDC), com destaque para a região do Katanga, o maior produtor mundial deste metal, graças à cintura de cobre e cobalto que se prolonga para a Zâmbia, na chamada "coprerbelt", foi com algum estrondo que as autoridades angolanas divulgaram a extensão desta gigantesca jazida para o território nacional, onde se estima estrem mais de 100 mil quilómetros quadrados com potencial de exploração.
Esta notícia, que serviu de mote para os "road shows" feitos pelo Ministério da Geologia e Minas em alguns países europeus e na África do Sul, para incentivar o investimento estrangeiro, tem agora um novo impulso com as notícias de que o cobalto começa a ser raro em todo o mundo, havendo mesmo um défice de milhares de toneladas/ano.
Isto, porque o cobalto, um metal denominado de transição, tem especial uso no fabrico de superligas metálicas de uso frequente, entre outras, no fabrico de turbinas de gás para aviões devido à sua resistência única à corrosão e, sendo especialmente por causa disso que ganhou nova notoriedade, na produção de baterias recarregáveis para os carros eléctricos e híbridos ou ainda dos telefones portáteis (smartphones).
Para já, como tem sido noticiado em publicações especializadas, parece que o mundo acordou em sobressalto para a necessidade de encontrar novas jazidas de cobalto.
Tudo, porque o preço nos mercados internacionais, dominados pela RDC e pela China, subiram mais de quatro vezes em apenas um ano, prevendo-se que a procura mundial vai disparar até 50 por cento nos próximos 10 anos.
Face a este frenesim de procura por cobalto, o Chile, o maior produtor global de cobre, metal que surge sempre a par com este metal, já está a recuperar as suas explorações mineiras para esta nova realidade, com investimentos privados de centenas de milhões de dólares.
As companhias mundiais de exploração mineira já colocaram este metal nas suas prioridades, como é o caso da australiana Commodity Capital, para quem o cobalto vai ser a nova "estrela global" dos minerais que o mundo precisa actualmente, com tendência para aumentar o défice actual, de mais de 6 mil toneladas/ano.
A RDC produz 66 mil toneladas, sendo o maior produtor mundial, precisamente na mesma cintura/jazida que se prolonga para Angola, como o Planageo veio demonstrar, o que permite, pelo menos hipoteticamente, transformar o país num dos maiores produtores mundiais, visto que o segundo maior, a China, produz apenas 7 700 toneladas/ano.
Só que, para que Angola possa ganhar espaço neste terreno altamente competitivo, terá de ser rápida a agir, porque o Chile, que produz cobre em abundância, tem milhões de toneladas no seu subsolo e está a preparar o regresso à exploração, interrompida há quase 80 anos, depois de ter, entre 1884 e 1941, produzido mais de sete milhões de toneladas de cobalto.
A corrida global por este metal é de tal ordem que os especialistas consultados pelas agências económicas já admitem poder estar em curso uma corrida contra-relógio para chegar primeiro ao mercado, sublinhando que quem chegar depois poderá ser tarde demais porque pode encontrar um mercado com excesso de oferta, embora esse risco dependa de haver ou não novas utilizações ainda a descobrir.