Aproveitando o bom momento do mercado dos EUA, a empresa procura, através da agregação de parceiros locais para a torrefacção e distribuição, apostando forte nas vendas online, e depois de refeita a máquina produtiva, com a revitalização dos cafeais envelhecidos e destruídos ao longo das dezenas de anos de guerra, a Cazengo Coffee protagoniza o regresso ao que foi um dos grandes mercados consumidores do café angolano antes da guerra, há pelo menos 40 anos.

Este regresso do café angolano ao mercado dos Estados Unidos está a ser tentado através de uma aposta na existência de algum revivalismo e da apetência dos dias de hoje pelo exótico e pelos sabores intensos, lembram algumas publicações especializadas como a Roast Magazine, através das suas Daily Coffee News (notícias diárias sobre café), sublinhando ao mesmo tempo que o café angolano não é uma novidade para os consumidores norte-americanos.

É apenas um sabor que esteve ausente durante décadas devido aos constrangimentos das guerras a seguir à independência e a seguir a um período histórico em que Angola estava entre os quatro maiores produtores de café do mundo, especialmente da variedade Robusta, essencial para misturar e dar corpo a outras variedades como a Arábica, que sem a primeira, perdem vigor, esmorecem.

Alguns números actuais deixam claro o elevado preço pago pela cultura do café em Angola que foi um dos maiores produtores do mundo mas que hoje, por exemplo, exportou, nos últimos seis meses, 4 000 sacos e, por exemplo, o Brasil exportou, em igual período 16 milhões de sacos e a Etiópia mais de 1,5 milhões de sacos.

Embora difícil voltar aos velhos tempos, o café angolano não está impedido de voltar aos velhos tempos e a iniciativa da Cazengo Coffee, com o slogan "Taste Angola", procura dar um passo nesse sentido, experimentando reconquistar o mercado dos EUA.

Um comunicado da empresa aponta mesmo uma expn Museu da National Geographic, em Washington, estando em preparação algumas provas organizadas pela Embaixada de Angola nos EUA.

A par desta campanha de marketing, a Cazengo Coffee tem em curso um programa de apoio à Halo Trust, uma ONG britânica que tem em curso diversos projectos de desminagem em Angola.

Este regresso do café angolano, depois de 40 anos, aos EUA, pode ser o abrir de uma porta que esteve fechada nas últimas décadas devido à guerra, que impediu as fazendas de renovar as suas plantas, à deterioração dos equipamentos de apoio nas fazendas e à perda dos mercados naturais para o café angolano devido à incapacidade de os alimentar com as suas mais de 240 mil toneladas produzidas em média por ano na décadas de 1960/70. Actualmente, Angola produz cerca de 15 mil toneladas.

Sendo conhecidas as razões para a gigantesca quebra na produção, segundo alguns documentos oficiais divulgados nos últimos anos, a recuperação da produção está dependente de algumas questões igualmente bem identificadas.

Entre estas estão a renovação das plantas, a recuperação do ambiente favorável ao seu crescimento e produção, a melhoria das estradas de acesso aos cafeais, a criação de sistemas de armazenamento e de logística de transporte de qualidade para garantir a qualidade do café, garantir mão-de-obra (necessária em grande quantidade) disponível, investir na melhoria das variedades, experimentação e investigação e a criação de unidades industriais para a torrefacção e embalamento de café para consumo interno e para exportar o produto acabado com a marca Angola.