Nos dias que correm, noto uma certa inquietude sobre o futuro das relações de cooperação entre Angola e os EUA, especialmente, após a posse de um novo presidente. É importante entender que essas relações dependem do sentido de corresponsabilidade dos países cooperantes. Conhecer a posição do presidente dos EUA e como essas relações evoluem é crucial para compreender seu significado em um contexto global, marcado por disputas entre China, EUA, Rússia e o surgimento de blocos como os BRICs.
A história mostra que os objectivos das relações de cooperação evoluem conforme os contextos internos e externos mudam. Portanto, é fundamental analisar as prioridades e os ganhos para cada país envolvido. As relações de cooperação entre Angola e EUA não são de hoje, começaram após a adopção do multipartidarismo em Angola, e não necessariamente pelo interesse dos EUA no desenvolvimento do País.
Durante décadas, acreditou-se na bondade de todos os nossos parceiros de cooperação, ignorando que essas relações também eram instrumentos das estratégias geopolíticas dos parceiros. As mudanças nas prioridades geopolíticas influenciaram as modalidades de cooperação. A Guerra Fria, por exemplo, foi decisiva para que EUA e URSS aportassem recursos a terceiros países para atraí-los para suas esferas de influência. Hoje, a confrontação entre as potências mundiais ainda é relevante. Países que tiveram fortes laços de cooperação com Angola, no passado, agora enfrentam novos desafios de afirmação no continente, e, por isso, é normal que tentem renovar acordos e promessas de cooperação. No entanto, temos de ser nós, os Angolanos a questionar a velha concepção de cooperação, que era uma relação essencialmente dominada pelos doadores, que a interpretavam como uma iniciativa voluntária e generosa, desprovida de qualquer tipo de obrigatoriedade ante aos acordos assinados.
Este tipo de relações que nos relega a uma posição de inferioridade, típica de quem apenas espera que o doador expresse a sua vontade de dar, não serve para o desenvolvimento de Angola, pois não se caracteriza pela igualdade e colaboração mútua.
*Coordenador do OPSA