Joe Biden acrescentou ainda que os investidores dos dois bancos a que se referiu, o Banco de Silicon Valley (SVB) e o Signature Bank, este não estava nas bocas do mundo por causa deste problema, mas sim o Silvergate Bank, embora tal como este último, ligado ao mundo das criptomoedas, não vão ser ressarcidos de quaisquer prejuízos.

"Quem investe e perde, isso faz parte do risco. É assim que funciona o capitalismo", avisou Biden, para deixar claro que o Estado só vai garantir, embora sem ir ao bolso dos cidadãos que pagam os seus impostos, os depósitos feitos nestes bancos.

Para isso, disse ainda o Presidente norte-americano, numa curtíssima declaração se direito a perguntas, embora os jornalistas tenham tentado interroga-lo, quem vai pagar e garantir os depósitos é o fundo de garantia suportado pelo próprio sistema bancário.

Ficou ainda claro, entre os cinco pontos anunciados, que os gestores destes bancos vão ser despedidos de imediato e que vão ser realizadas investigações aprofundadas para saber ponto por ponto como e porque é que se chegou a esta situação, a mais grave desde o colapso do Lehaman Brothers, em 2008, que deu o pontapé de saída para a mais grave crise internacional desde o colapso bolsista em Nova Iorque de 1929.

No entanto, estas declarações de Biden, anunciadas à última da hora, tinham como objectivo travar uma já acentuada queda nas bolsas dos EUA e da Europa, além das asiáticas, embora mais cedo, devido à diferença horária, porque o mesmo foi dito pela sua Secretária do Tesouro, Janet Yellen, embora sem ter conseguido travar uma mini-derrocada.

Com o receio de contágio em alta, por exemplo, o índice S&P 500, que índice bastante nas novas tecnologias, perdeu nestas horas todos os ganhos da semana, e na Europa, o índice STOXX da banca quebrou 5,7 por cento, apesar das medidas drásticas anunciadas em Washington.

Por detrás deste caramanchão de sentimentos de pânico e memórias amargas de 2008, estão, entre outras razões, os pesados aumentos das taxas de juro nos EUA e na Europa para combater a inflação historicamente alta que é um dos estilhaços mais rudes da guerra na Ucrânia, que já dura há 14 meses.

Entretanto, e já depois desta declaração de Joe Biden, algumas casas financeiras internacionais fizeram saber que existe agora uma forte possibilidade de a Reserva Federal, mas também os bancos centrais mais importantes, como na Europa e no Japão, podem rever as suas políticas de aumento de taxas de juro, entre outras razões, usadas nos últimos meses para combater a histórica inflação.

Esta abordagem surge, no rasto do colapso dos bancos SVB, Signature e Silvergrade, que, por mais que se procure evitar essa abordagem, são resultado directo ou indirecto das altas taxas de juro, que deixaram parte dos clientes em dificuldades severas para pagar os seus empréstimos.

E também depois de nos EUA e na Europa terem sido anunciadas novas mexidas em alta das taxas de juro pelos respectivos bancos centrais.

Trump não ficou calado

Entretanto, na tradicional caça às bruxas que se segue a um momento crítico como este, onde três bancos colapsam em horas, alguns analistas estão a acusar a Administração Trump, do anterior Presidente Donald Trump, de ser responsável porque optou por desregular o sector especialmente em 2018.

Esta opção de Trump e dos Republicanos foi bastante criticada porque abria brechas nos sistemas de regulação e vigilância criados pelo Presidente Barack Obama no contexto da crise de 2008.

Mas Trump, que está na corrida para as Presidenciais de 2024, para já nas primárias dos Republicanos, veio contrariar estas acusações, apontando como responsável o actul inquilino da Casa Branca, Joe Biden.

Isto, numa entrada nas redes sociais, onde Trump se justifica dizendo que o actual Presidente não foi capaz de perceber que os aumentos gigantescos das taxas de juro aplicadas nos últimos meses para combater a inflação foram as "mais altas e mais burras de sempre", o que levou a este desfecho por "incapacidade do actual Presidente".

O antigo Presidente dos EUA avisou ainda para o risco iminente de "uma nova e gigante depressão" que considera que pode ser "maior que a de 1929" como o demonstra o início de um processo de colapso de bancos norte-americanos.