Depois de uma corrida aos depósitos na semana passada, onde em poucas horas voaram dos cofres do SVB mais de 40 mil milhões USD, as autoridades norte-americanas que regulam o sector financeiro mandaram o banco fechar portas, o que deu azo a receios de um regresso aos tempos cinzentos de 2008. Tal não está a suceder.

Isto, porque os reguladores norte-americanos anunciaram, no Domingo à noite, que todos os valores depositados seriam garantidos aos seus titulares, travando o medo de perdas, o que foi o motivo da corrida aos levantamentos que deu início a esta crise.

A par desta medida, também as sucursais deste banco, que tinha uma importante posição em alguns países, como no Reino Unido ou em Singapura, por exemplo, na "motorização" do sector das tecnologias, especialmente nas empresas que estavam a ser lançadas.

Uma das razões para este novo pânico, agora contido, mas ainda não totalmente travado, porque alguns analistas sublinham que se pode tratar de um sintoma inicial de uma doença mais grave - por exemplo, os quatro maiores bancos dos EUA perderam mais de 50 mil milhões USD desde que se soube deste colapso do banco das startups, criado em 1983 -, foi a crescente dificuldade para responder aos compromissos com o banco por parte dos devedores.

E isso é resultado da enorme subida nas taxas de juro em todo o mundo, mas com especial incidência nos EUA, que está a ser usada pela Reserva Federal como principal ferramenta de contenção da inflação, abrindo, ao mesmo tempo, um buraco na rede de segurança das ideias de negócios que estavam em fase de implementação.

A antiga presidente da Reserva Federal e actual Secretária do Tesouro, Janet Yellen, sobre quem recaia a responsabilidade de agir, produziu um comunicado, com os dois reguladores, a Reserva Federal e Corporação das Garantias de Depósitos, onde anuncia que esta segunda-feira, 13, seria uma manhã normal para os depositantes garantindo o acesso integral ao seu dinheiro.

Os analistas mais relevantes, citados pelas ageências e pelos sites especializados, coincidem na ideia de que esta medida servirá, para já, para conter quaisquer contágios a outros bancos direccionados para sectores no mesmo fluxo económico do SVB, ou seja, ligados às novas tecnologias e apoio a projectos inovadores.

Outra medida, esta com um impacto de maior fôlego, mas que os analistas consideram ser revelador do receio efectivo que existe entre as autoridades reguladoras norte-americanas, é que ficou, na mesma decisão, garantido que os bancos que estiveram a experienciar situações semelhantes, poderão socorrer-se de fundos da Reserva Federal de forma ilimitada, durante o ano de 2023.

Isto levou a que, tanto nas principais bolsas mundiais, apesar de o S&P 500, índice bolsista das maiores 500 empresas os EUA, observou perdas relevantes no rescaldo da implosão do SVB mas já saiu do buraco impulsionado pelas medidas dos reguladores anunciadas na noite de Domingo.

Isso mesmo é verificável também nos mercados petrolíferos, que mal deram pelo solavanco SVB.

Recorde-se que no mesmo dia do colapso do Banco de Silicon Valley, faliu igualmente o Banco Silvergate, especializado em dinheiro virtual (criptomoedas), mas o seu impacto não é comparável, sendo mau para os afectados directamente mas sem potencial de contágio ao restante sector bancário.

É ainda de ter em consideração que o SVB era o 16º maior banco dos EUA, um dos maiores da California, mas em comparação, por exemplo, os seus pouco mais de 200 mil milhões USD em activo, antes do colapso, representam o dobro de um banco como a portuguesa Caixa Geral de Depósitos, o maior banco português, e mais de 30 vezes o BAI, o maior banco angolano em activos.

Outro indicador de controlo de danos realizado com sucesso é que os mercados petrolíferos estão a demonstrar uma plácida tranquilidade, com o Brent, que serve de referência principal para as ramas exportadas por Angola, a abrir a subir ligeiramente, mesmo que depois tenha invertido a tendência, perdendo perto de 0,30%, cerca das 10:15, hora de Luanda, para os 82, 49 USD por barril.