"Neste momento crucial, quantas crianças e mães no continente dormem de barriga vazia? Milhões, certamente. A urgência da situação não deixa dúvidas", afirmou Mahamoud Ali Youssouf, na Cimeira das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares (UNFSS) organizada na Etiópia.
Para o chefe da Comissão da UA, "os choques climáticos, os conflitos e as perturbações económicas" são as principais razões para o aumento da insegurança alimentar no continente.
"Cerca de 282 milhões de africanos estão malnutridos, 52 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar, e quase 3,4 milhões estão à beira da fome. Dez milhões de pessoas estão deslocadas devido à seca, inundações e ciclones", referiu Youssouf na abertura da cimeira organizada pela Etiópia e Itália.
Para alcançar a "resiliência nutricional", Mahamoud Ali Youssouf defendeu que os Estados-membros da organização continental dediquem 10% do Produto Interno Bruto à agricultura.
"Mas não podemos fazer isso sozinhos. Apelamos os nossos parceiros a honrar os compromissos de financiar e apoiar as soluções africanas", continuou o chefe da Comissão da UA, num contexto de cortes na ajuda internacional.
Os cortes na ajuda, que incluem o desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, estão a colocar os programas humanitários numa situação crítica.