Wu Yang, engenheiro electrónico, é acusado pelo Ministério Público (MP) dos crimes de acesso ilegítimo a sistema de informação, devassa por meio de sistema informático, sabotagem informática, interceptação ilegítima, dano em dados informáticos e associação criminosa.
O arguido responde no processo registado sob n.º 0242/25, processo esse que se tornaria no primeiro caso de mineração criptomoeda a ser julgado em Angola, mas devido a constantes adiamentos no mês passado e no princípio deste, passa a ser o segundo no país, depois do Tribunal de Comarca de Viana ter sido o primeiro tribunal a julgar um caso de criptomoeda.
Segundo a acusação, o arguido montou um esquema sofisticado de desvio de chamadas telefónicas, que afectava directamente as operadoras UNITEL e AFRICELL.
Conforme a acusação, o acusado conseguia facturar até 400 mil dólares por mês com a fraude, que consistia em redirecionar chamadas internacionais de maneira ilícita.
O arguido é suspeito de gerir um esquema de fraude de chamadas telefónicas internacionais, que invadia os sistemas operativos das duas operadoras móveis do país.
O acusado geria as operações a partir do bairro Benfica, onde tinham, de forma clandestina, o seu centro de operações, devidamente equipado com tecnologia de ponta, e mantinha controlo de algumas chamadas internacionais e cobrava os serviços aos operadores internacionais, como se de uma operadora oficial angolana se tratasse, como noticiou em primeira mão o Novo Jornal em Agosto de 2024, aquando da detenção do arguido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Wu Yang foi detido em Agosto do ano passo no bairro do Benfica, no município do Talatona, em Luanda, após uma reclamação da operadora de telefonia móvel UNITEL.
A operadora UNITEL, empresa que fez a queixa ao SIC, assegurou na altura que nos últimos dois anos tinha verificado fraudes nas comunicações internacionais na sua rede de telefonia móvel.
Em declarações ao Novo Jornal da altura, Rui Horta, gestor sénior de fraude e segurança da UNITEL, disse que a empresa tem combatido essa fraude todos os dias e que diariamente tem feito o bloqueio de vários "chips".
Segundo o gestor de fraudes e segurança da UNITEL, os valores das chamadas internacionais feitas, ao invés de irem parar aos operadores, como por exemplo a UNITEL, iam parar a essa entidade falsa que transportava as chamadas de um País para outro, a preços muito mais baixos.
Rui Horta assegurou na ocasião que esse tipo de fraude também tem degradado a qualidade das comunicações e fazia com que as chamadas telefónicas caíssem.
"Essa fraude não é nova no mundo das telecomunicações em Angola, desde 2015 que a UNITEL tem vindo a combater esse tipo de fraude. Mas é a primeira vez que encontramos uma rede de maior dimensão em Angola", disse o gestor, assegurando que a rede lucrava mensalmente mais de 400 mil dólares.
Com o arguido foram apreendidas 45 unidades de centrais de processamento, com os respectivos componentes, 42 monitores, 25 teclados, 10 routers, 337 SIM Box, bem como mais de 54.000 chips da UNITEL e 1.368 chips da AFRICELL, além de um telemóvel.