O Presidente angolano, que falou após a intervenção do anfitrião, mais longa e dedicada ao elogio das relações entre Lisboa e Luanda, e as marcas bem vincadas pela história desse longa amizade, lembrando mesmo como Angola ajudou Portugal durante a crise de 2008, fez questão igualmente de sublinhar que as relações entre os dois países estão ao mais alto nível de sempre".

Mas fez questão de lembrar que as relações bilaterais podem sempre melhorar, o que, por exemplo, face ao mediatismo da questão da imigração, e da lei que o Tribunal Constitucional luso está agora a analisar por vontade de Marcelo Rebelo de Sousa, o "Ti Celito" para os angolanos que assim o baptizaram, pode ser visto como uma referência à necessidade de Portugal atender às ligações históricas com Angola e outros países de língua oficial portuguesa.

Isto, porque a lei agora suspensa pelo seu envio para a instância constitucional portuguesa, se fosse aprovada tal como chegou ao Parlamento, traria fortes restrições não apenas à entrada no país como também ao reagrupamento familiar dos imigrantes já a trabalhar em Portugal.

Lembrou João Lourenço que esta visita decorre quando Angola comemora os 50 anos da Independência, servindo a deslocação de Estado não apenas para reforçar os laços mútuos já de "grande nível", mas também para corresponder as muitas visitas de Marcelo a Luanda, sendo mesmo o Chefe de Estado "que mais visitas vez a Angola", notou.

Na mesma toada, o Chefe de Estado angolano lembrou que está agora em Portugal porque não poderia deixar de se deslocar à capital portuguesa antes de o seu amigo Marcelo deixar a cadeira da Presidência, que está para breve, no início de 2026, a 24 de Janeiro, sublinhando que é uma forma de agradecer as muitas vezes que o português foi a Luanda, incluindo nas suas duas tomadas de posse e nas exéquias fúnebres do Presidente José Eduardo dos Santos, que considerou como tendo sido um "momento difícil" para os angolanos.

Na breve intervenção, sem direito a perguntas, o que não é comum durante vistas a este nível, João Lourenço referiu partes da sua agenda, destacando um fórum que terá lugar no Sábado, e onde estará como Presidente da União Africana também, onde aproveitará para falar das relações sobre os dois países e sobre a Europa e o continente africano, podendo nesse momento aproveitar, crê-se entre os analistas, para se referir ao tema do momento, a questão da imigração.

No sábado, João Lourenço e Marcelo Rebelo de Sousa participam na Universidade NOVA School of Business and Economics, em Cascais, no "Diálogo entre Presidentes", no âmbito do EuroaAfrican Forum 2025.

O recado de Marcelo

Na mesma ocasião, pouco antes de João lembrando que "os governantes passam e as leis também passam, mas os povos ficam".

"E nós necessitamos uns dos outros e sabemos que só ganhamos em tratarmo-nos bem uns aos outros", apontou o anfitrião, para de seguida lembrar que "quem trata mal é maltratado" e, sobretudo, "perde a oportunidade de tratar bem", enfatizou Marcelo Rebelo de Sousa, numa evidente camada de atenção para o risco de a nova lei da imigração em Portugal, poder ser vista como tratar mal os amigos.